Morre George Booth, icônico cartunista da New Yorker, aos 96 anos
Referência da velha escola de charges e cartoons, artista era o colaborador mais antigo da revista americana e virou personagem de documentário recente
O cartunista George Booth morreu esta semana, aos 96 anos. Referência da velha escola de charges e cartoons, Booth fez da "New Yorker" sua casa por mais de meio século. Era seu colaborador mais antigo. O último desenho do artista foi publicado pela revista este ano.
Célebre pelos desenhos de cachorros engraçados, Booth virou personagem no documentário recente “Drawing Life”, que mostra a arte e as perspectivas que fizeram desse artista um ícone do setor. Quem conhece sua obra, certamente olha para um bull terrier inglês e se pergunta se seu focinho eqüino, orelhas pontudas e olhos juntos não foram inspirados pelos traços do artista.
Muitos elementos que ficaram famosos em sua arte – não apenas os cães, mas também os gatos, guilhotinas, mecânicos de automóveis, banheiras, tábuas de passar roupa, mesas cobertas de lixo, luminárias tortas, casais disfuncionais – podem agora ser considerados acréscimos permanentes à iconografia do humor e da cultura americana. O fino traço de tinta negra que dava alma aos personagens era considerado a assinatura de Booth.
George Booth nasceu na pequena cidade do Missouri e, incentivado por sua mãe, se divertia desenhando seus próprios desenhos aos 4 anos. Ele estudou arte e depois criou ilustrações para a revista "Leatherneck", enquanto servia no Corpo de Fuzileiros Navais durante a Segunda Guerra Mundial.
Quando Booth fez sua estreia na "New Yorker" no final dos anos 1960, sua gramática visual única parecia estabelecida. Ele estava em casa.
“Adorei a forma como ele desenhava ainda mais do que suas piadas, se é que isso é possível”, lembra outra cartunista da "New Yorker", Roz Chast, que cita Booth como uma “grande” inspiração. Ela adorava o jeito dele com rostos e animais de estimação, até mesmo “suas banheiras e os objetos cockamamie que enchiam todos os painéis”.
Muitas vezes, casais e eletrodomésticos pareciam igualmente disfuncionais, mas não eram cenas de escárnio, mas de intimidade familiar. “Ele amava Everyman. Seu trabalho muitas vezes nos mostrava pessoas que pareciam menos abastadas do que algumas, ou pelo menos pareciam assim”, afirma Liza Donnelly, também da "New Yorker"
Na vida real, Booth era dedicado a sua esposa de longa data, Dione, que morreu no mês passado.