Inadimplência passa de 30% das famílias pela 1ª vez em outubro
Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens (CNC), é o quarto mês de alta seguido
A inadimplência continuou a crescer em outubro e alcançou 30,3% das famílias, novo recorde, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), feita pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). É o quarto mês de alta seguido.
Em setembro, o percentual de famílias brasileiras que estavam com contas em atraso já era recorde: 30%. Em 12 meses, o avanço no indicador chega a 4,6 pontos percentuais (p.p.) — o maior crescimento desde março de 2016.
"O nível de endividamento alto e os juros elevados pioram as despesas financeiras associadas às dívidas em andamento, ficando mais difícil quitar todos os compromissos financeiros dentro do mês”, pontua o presidente da CNC, José Roberto Tadros.
Endividamento
No quesito endividamento — considerando as pessoas que têm dívidas a pagar, mas não necessariamente em atraso —, 79,2% das famílias pesquisadas relataram ter débitos a vencer (cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal e prestações de carro e de casa).
Neste ponto, a pesquisa apontou uma queda de 0,1 ponto percentual na proporção de endividados em outubro na comparação com setembro, após três altas consecutivas.
Em 12 meses, porém, a proporção de endividados também avançou 4,6 p.p. Ainda assim, é a menor taxa anual registrada desde julho de 2021.
De acordo com a CNC, o endividamento está menor tanto entre as famílias com rendas média e baixa (até dez salários mínimos ou seja, até 12.120) quanto para aquelas na faixa de maiores rendimentos (acima de dez pisos nacionais).
Em outubro, a maior redução do endividamento foi registrada entre os consumidores de renda mais elevada. O recuo, neste caso, foi de 0,5 p.p.
Quando se considera o acumulado em um ano, no entanto, a proporção de endividados cresceu mais, justamente, no grupo de renda alta — com o crescimento foi de 5,8 p.p., contra uma elevação de 4,3 p.p. para os que ganham menos.
"A geração progressiva de vagas no mercado de trabalho, a queda da inflação nos últimos meses, além das políticas de transferência de renda mais robustas têm aumentado a renda disponível, o que explica a desaceleração da proporção total de endividados”, explicou José Roberto Tadros.
Estados com mais endividados
Apesar de o endividamento ter caído no Brasil de forma geral, em 17 das 27 unidades da federação, diz a CNC, a proporção de endividados cresceu na passagem setembro para outubro.
Dos cinco estados com mais famílias endividadas, dois são do Sul — no Paraná, o índice é de 95,8% e, no Rio Grande do Sul, de 91,9%.
Em seguida, aparecem no ranking três estados do Sudeste: Rio de Janeiro, com 89,7% de endividados, Espírito Santo, com 88,5%, e Minas Gerais, com 87,2%.
Crédito consignado
Apesar da maior oferta de crédito consignado no mercado — com a concessão de empréstimos para beneficiários do Auxílio Brasil — em um ano, essa modalidade perdeu espaço quando o assunto é endividamento dos brasileiros. Hoje, 5% dos consumidores endividados têm dívidas de empréstimo com desconto em folha, contra 7% em outubro de 2021.