Protestos

Bloqueios de estradas no último dia de outubro derrubaram vendas e produção de veículos no mês

Faltaram funcionários e insumos nas plantas automotivas no dia 31, provocando paralisações, diz Anfavea

PRF atua em bloqueios antidemocráticos - Alexandre Aroeira / Folha de Pernambuco

As manifestações antidemocráticas que bloquearam estradas e importantes vias de grandes cidades afetaram a produção e as vendas de veículos no último dia de outubro. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o último dia do mês costuma ser o melhor em vendas. Em setembro, no dia 30, foram vendidas 17 mil unidades. Já no dia 31 de outubro, devido aos bloqueios, as vendas caíram para 9 mil, uma diferença de 8 mil unidades em relação ao mesmo dia do mês anterior.

"Os emplacamentos diários vinham crescendo, mas no último dia do mês, no pós-eleição, vendemos 9 mil unidades frente aos 17 mil do dia 30 de setembro com os bloqueios", disse Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, observando que, em outubro, foram vendidas no total 180,9 mil unidades frente às 194 mil de setembro.

Desconsiderando o último dia do mês, os emplacamentos diários em outubro cresceram 2,3%, com média de 9 mil unidades/dia frente às 8,8 mil unidades/dia de setembro. As vendas acumuladas de janeiro a outubro chegam a 1,6 milhão de unidades ante 1,7 milhão no mesmo período do ano passado.

Os bloqueios de estradas feitos por 'bolsonaristas' também prejudicaram a produção. Segundo o presidente da Anfavea, funcionários não conseguiram chegar às unidades e houve falta de insumos. Com esse problema no último dia útil do mês, as linhas de montagem fabricaram 206 mil unidades em outubro frente às 207,8 mil unidades de setembro.

"A produção de veículos teve um arrefecimento no dia 31 de outubro. Faltaram funcionários e insumos para a produção. Se o ritmo normal de produção tivesse sido mantido, teríamos batido o recorde do ano em outubro" disse Leite.

No ano, a produção acumulada chega a 1,9 milhão de veículos. No ano passado, o resultado foi de 1,8 milhão de unidades.

Para que a estimativa de vendas da Anfavea para este ano se concretize, o setor precisa vender 456 mil unidades nos dois últimos meses do ano. Lima avalia que o número é factível, já que, em 2019, por exemplo, antes da pandemia, foram vendidas 505 mil unidades em novembro e dezembro.

Em 2020, as vendas nos dois últimos meses do ano chegaram a 469 mil unidades, já com a pandemia afetando a produção industrial e, em 2021 foram 380 mil, com o setor já sofrendo a crise da falta de semicondutores.

"Na avaliação da Anfavea, o cenário para vendas continua factível. Mas diferentes cenários podem impactar as vendas, como a Copa do Mundo. Há pequenas paralisações, mas não como a crise do primeiro semestre", afirmou Leite.