CINEMA

"Armageddon Time" é o novo drama de James Gray que estreia nesta quinta-feira (10)

O filme conta uma história pessoal não só do diretor, mas dos Estados Unidos também

Armageddon Time - Imagem: Divulgação

Voltando a contar histórias situadas em Nova York, sua cidade natal, o diretor James Gray, de “Z: A Cidade Perdida (2016)” e “Ad Astra - Rumo às Estrelas' (2019)”, lança um filme que evidencia racismo e anti-semitismo com momentos de drama. "Armageddon Time”  já levanta suspeitas de indicação ao Oscar, teve sua premiére mundial em Cannes mais cedo este ano e estreia nos cinemas do Brasil nesta quinta-feira (10).

Inspirado em eventos da infância de Gray, a obra conta a história de uma família judia de classe trabalhadora nos anos 1980 tentando se encaixar nos padrões do “american way of life”. Com nomes de peso como Anne Hathaway, Anthony Hopkins e Jeremy Strong, o filme aposta nas atuações para dar vida aos personagens e todas entregam o que prometeram. Porém, o destaque fica para os intérpretes mirins e reais protagonistas da trama. 

Autobiografia do preconceito

Quando Paul Graff, interpretado por Michael Banks, inicia uma amizade com seu colega de sala, Johnny Davis (Jaylin Webb), uma das poucas crianças negras na turma, os dois começam uma série de atos rebeldes que rapidamente culminam na compreensão dos diferentes tipos de preconceito dentro da sociedade.

Johnny sempre leva mais culpa pelos problemas que ambos são responsáveis e, mesmo muito novo, percebe o racismo nos seus professores, policiais e até na família disfuncional de Graff. Já Paul, apesar de possuir privilégio branco, é judeu e conhece o anti-semitismo descobrindo que sua família mudou de sobrenome para não serem vistos de forma inferior em situações como sua aceitação na nova escola, por exemplo.

O tema abordado no filme nunca foi tão relevante, pois, em meio ao cenário americano atual, onde um dos rappers mais influentes do mundo faz postagens anti-semitas em suas redes e dá início a uma série de manifestações pelas ruas de Los Angeles alegando credibilidade às suas falas, o longa parece ter sido uma resposta direta a esses comentários, apesar de ter sido escrito alguns anos atrás. Inclusive, com o criador da obra repudiando essa situação em entrevistas recentes.

E por mais sensível que seja a essas questões, acaba sendo simplista demais diante da complexidade e do tamanho das desigualdades raciais e sociais enfrentadas atualmente.