G20

Putin não viajará a Bali para a reunião do G20

O Kremlin tenta proteger seu líder das críticas dos países ocidentais durante o encontro dos chefes de Estado e de Governo das 20 principais economias mundiais

Presidente russo, Vladimir Putin - Sergei Karpukhin / SPUTNIK / AFP

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, não viajará para a reunião de líderes dos G20 em Bali na próxima semana, anunciou a embaixada russa na Indonésia.

O encontro de cúpula na turística ilha indonésia será a maior reunião do G20 desde o início da pandemia de Covid-19, no fim de 2019.

Pela primeira vez, uma fonte oficial russa confirmou a ausência de Putin na reunião, que seria o primeiro encontro dele com o presidente americano Joe Biden desde o começo da guerra na Ucrânia.

"Posso confirmar que (o ministro das Relações Exteriores) Serguei Lavrov vai liderar a delegação no G20. A agenda do presidente Putin ainda está sendo organizada, ele poderia participar virtualmente", disse Yulia Tomskaya, diretora de protocolo da embaixada.

Há vários meses analistas especulavam sobre a presença ou não de de Putin na reunião, que acontecerá nos dias 15 e 16 de novembro em Bali.

Após reveses militares consideráveis para Moscou na Ucrânia, o Kremlin tenta proteger seu líder das críticas dos países ocidentais durante o encontro dos chefes de Estado e de Governo das 20 principais economias mundiais.

Joe Biden, que já chamou Putin de "criminoso de guerra", afirmou que não tinha a intenção de se reunir com ele em Bali, mesmo que o presidente russo comparecesse ao evento.

Outra fonte a par da agenda do governo russo já havia afirmado à AFP que Putin seria substituído por Lavrov e que não está claro se o chefe de Estado participará virtualmente no encontro.

O chefe da diplomacia russa abandonou uma reunião de ministros das Relações Exteriores do G20 em Bali, em julho, após as críticas ocidentais pela invasão da Ucrânia.

A Indonésia foi muito pressionada pelas potências ocidentais para excluir a Rússia do encontro como resposta à guerra da Ucrânia, mas o país anfitrião defendeu sua neutralidade no evento.

O presidente indonésio Joko Widodo afirmou que Putin seria convidado para a reunião e anunciou em agosto que o convite havia sido aceito.

Jacarta também convidou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, para uma participação virtual, embora o país não integre o G20.

Analistas destacam que a ausência de Putin afetará a reunião, impedindo a possibilidade de encontrar soluções para a guerra e suas consequências econômicas globais.

As potências ocidentais estabeleceram sanções severas contra Moscou, mas a abordagem dos governos a respeito de Putin é diferente.

Biden evitou qualquer contato com o colega russo desde o início da guerra, mas o presidente francês Emmanuel Macron fez um alerta contra o isolamento completo de Putin no cenário internacional.

Além disso, embora as sanções tenham afetado a máquina de guerra russa, outras potências prosseguiram com seus laços com Moscou. Índia e China, ambas presentes no G20, aumentaram suas compras de petróleo russo.

As conversas no G20 serão ofuscadas por divisões sobre a guerra na Ucrânia, que provocou uma crise alimentar global e elevou os preços da energia.

Até hoje, todas as reuniões do G20 terminaram sem comunicados conjuntos e não se prevê um resultado diferente desta vez, em um cenário de troca de acusações pelas tensões globais.