TRANSIÇÃO NACIONAL

Lula se emociona em discurso para parlamentares ao falar sobre a fome no Brasil

Presidente eleito visita Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília, onde acontecerão as reuniões da transição e reúne deputados e senadores

Lula chora ao falar da fome - Sérgio Lima/AFP

Em sua primeira visita ao Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reuniu parlamentares e fez um discurso emocionado na manhã desta quinta-feira (10). "Se quando terminar esse mandato cada brasileiro tiver às três refeições, outra vez terei cumprido a missão da minha vida", declarou, chorando. E, relembrando que essa havia sido sua prioridade nos governos anteriores, acrescentou:

"Jamais esperava que a fome voltasse nesse país. A única explicação é que falta compromisso dos governantes", enfatizou. Será no CCBB onde acontecerão as reuniões do governo de transição.  

Com a voz embargada, antes do choro, o presidente eleito levantou várias questões, destacando a importância de fazer um governo voltado para os mais pobres.

"Por que as pessoas são levadas a sofrer para grantir a estabilidade fiscal desse país? Por que se fala o tempo todo em cortar gastos? Por que as pessoas que discutem estabilidade econômica também não discutem com seriedade a questão social desse país? Por que a gente tem meta de inflação e não tem meta de crescmento?", provocou.

O presidente eleito iniciou o discurso, logo após a fala de Geraldo Alckmin (PSB), lembrando que o vice foi escolhido para coordenar a equipe de transição poque não está disputando vaga no ministério. 

"Eu fiz questão de colocar Alckmin como coordenador para que ninguém pensasse que o coordenador vai ser ministro. Ele não disputa vaga de ministro porque é o vice-presidente", declarou.

Perdedores
Ao se dirigir aos parlamantares, Lula disse estar vendo, na plateia, vencedores e perdedores. Como nem todos são, de pronto, seus aliados, o presidente eleito tratou de consolar quem não teve êxito nas últimas eleições. Lembrou que costumamos dizer que são os vencedores quem escrevem a história de uma nação e levantou a possibilidade de governar com todos.

"Eu queria dizer pra vocês: Os perdedores vão ter o direito de escrever e vão ter o direito de participar desse processo de transição e desta governança", pontuou.



Bolsonaro
Lula ressaltou que o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem obrigação de ir para a TV e pedir desculpas às Forças Armadas por ter induzido a produção de um relatório sobre possíveis fraudes no processo eleitoral. O relatório divulgado nesta quarta (9) não aponta nenhuma irregularidade.

"O resultado foi humilhante. O relatório não diz nada. Um presidente da República pode errar, mas não pode mentir para seu povo. Isso não é aceitável"

O presidente eleito lamentou que Bolsonaro ainda não tenha reconhecido a derrota sofrida nas urnas, no dia 30 de outubro. "Seria tão fácil fazer como fez Alckmin quando disputou comigo, como eu fiz com Fernando Henrique Cardoso quando perdi as eleições. Ele ainda não teve coragem"

Alckmin
O vice-presidente eleito e coordenador da comissão de transição, Geraldo Alcmin (PSB), declarou ontem que já é possível observar mudanças no Brasil, vistas a partir do comportamento de Lula. O presidente eleito visitou na quarta-feira (9) os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira; do Senado, Rodrigo Pacheco; do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes.

"As pessoas passam; o que fica são as instituições. Precisamos ter boas instituições. O presidente Lula deu o exemplo ontem aqui, em Brasília, e tem feito isso cotidianamente. A transição é um periodo e deve ser democrática. Quem ouve mais erra menos. Interagir com a boa política e a sociedade civil organizada. Ouvir estimular a participação", ressaltou Alckmin.