Alckmin e Tebet minimizam declarações de Lula e atuam como bombeiros após dólar disparar
O formato discutido para a PEC da Transição também não agradou o mercado
O vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) e a senadora Simone Tebet (MDB-MS) tentaram atuar como bombeiros para acalmar o mercado financeiro nesta quinta-feira, depois de algumas declarações do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O formato discutido pelo governo de transição para Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que abre espaço fiscal no Orçamento, também não agradou ao mercado, que reagiu com alta da curva de juros, do dólar e queda da Bolsa.
Alckmin disse que Lula, no mesmo discurso, falou da questão social e questão fiscal. E lembrou que o petista assumiu o governo em 2003 com uma dívida equivalente a 60% do PIB, entregando oito anos depois um endividamento de 40% do PIB.
"Teve superávit primário todos os anos. Se alguém teve responsabilidade fiscal foi o governo Lula. Isso não é incompatível com a questão social. O que precisa para a economia crescer é ter investimento público e privado, recuperar planejamento no Brasil e bons projetos. Essas oscilações de mercado, num dia de hoje, tem inclusive questões externas, além das questões locais", afirmou.
Em sua primeira visita ao Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, onde funciona a transição de governo, Lula criticou o que chamou de “a tal estabilidade fiscal", ressaltando que a questão social deve ser colocada à frente de temas que interessam, em suas palavras, apenas ao mercado financeiro.
O mercado também está preocupado com o tamanho da PEC da Transição, que pode chegar a R$ 175 bilhões. Alckmin disse que o Orçamento do próximo ano tem problemas que precisam ser resolvidos.
"Não está previsto o Bolsa Família. Não há ninguém que seja contra enfrentar a questão da fome e a pobreza. E tem a continuidade de serviços públicos, não pode interromper serviços públicos. Não há nada pior que obra parada. É um orçamento que já estava aqui no Congresso e que todo mundo sabe que não é factível minimamente para cumprir as tarefas de estado", afirmou.
Já Simone Tebet, que atua na equipe de transição, defendeu que o primeiro ministro do futuro governo a ser indicado seja o da Fazenda. Para Tebet, essa seria uma forma de evitar "ruídos" causados por declarações de Lula.
Tebet foi candidata a presidente no primeiro turno. Na segunda etapa da disputa, declarou apoio a Lula. Na transição, foi designada para liderar o grupo que vai discutir medidas para a área social.
"Acho que é natural, o mercado tem dúvidas, e consequentemente a cada fala política do presidente eleito Lula isso acaba criando alguns ruídos. Então, (a escolha deve acontecer) no seu devido tempo. Mas sim, o mais rápido possível dentro do tempo do presidente eleito, eu entendo, sim, que o primeiro nome que deva ser anunciado é o ministro da Fazenda ou da Economia", afirmou a senadora, em entrevista à GloboNews.
Para Tebet, a indicação de um ministro serviria para que ele explicasse declarações de Lula feitas em um "contexto político".
"Para que efetivamente o ministro possa explicar a política econômica do futuro governo. E explicar muitas vezes aquilo que o seu chefe, o presidente da República, disse em um contexto político".