Lula Dilmou? Meirelles diz que governo eleito tem 65% de chance de se parecer com o de Dilma
Declaração do ex-presidente do Banco Central foi feita em evento fechado do BTG, após discurso de Lula que assustou o mercado
O ex-ministro da Economia Henrique Meirelles afirmou nesta sexta-feira (11) que o governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem quase duas vezes mais chances de ser semelhante ao da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) do que ao primeiro mandato do próprio Lula. As afirmações foram feitas em evento fechado e promovido pelo BTG Pactual e relatadas por participantes ao Valor.
Procurado, Meirelles disse ao Valor que a mensagem que quis passar não foi essa e que é preciso aguardar as próximas sinalizações de Lula.
No evento, Meirelles fez um discurso pessimista, dizendo que há aproximadamente 65% de chances de o terceiro mandato de Lula ser semelhante ao governo Dilma, marcado pela perda de credibilidade das contas públicas e descontrole fiscal.
Já as chances de o governo eleito ser semelhante ao primeiro mandato do próprio Lula, marcado pela disciplina fiscal, são de aproximadamente 35%, de acordo com o ex-ministro.
Meirelles, que foi presidente do Banco Central (BC) durante os oito anos do governo Lula, declarou voto no presidente eleito ainda no primeiro turno deste ano e vinha sendo especulado como um dos principais nomes para assumir o Ministério da Fazenda, encerrou a sua fala desejando aos participantes “boa sorte”.
As declarações foram dadas poucas horas depois de discurso realizado por Lula em Brasília e que repercutiu mal no mercado. No discurso, o presidente eleito fez duras críticas ao atual arcabouço fiscal, mas não indicou qual será a próxima âncora para as contas públicas.
Também pesou o momento em que as declarações foram feitas, em um período em que o mercado busca entender como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição será financiada.
Meirelles afirmou ao Valor que “cada um interpreta como quiser” as declarações. Mas disse que é “muito cedo” para projetar como será o governo eleito. Segundo ele, é preciso esperar “as próximas sinalizações” de Lula, como a escolha da equipe econômica, para traçar qualquer cenário.
O ex-presidente do BC disse ainda que não tem falado com Lula nas últimas semanas.