Democratas mantêm controle do Senado e Trump prepara candidatura para 2024
Os democratas ainda podem conquistar a vaga no estado da Geórgia, onde haverá um segundo turno em 6 de dezembro
O Partido Democrata do presidente Joe Biden conseguiu manter o controle do Senado dos Estados Unidos, após as eleições de meio de mandato, enquanto o republicano Donald Trump se prepara para anunciar outra candidatura à Casa Branca em 2024.
As redes de TV americanas anunciaram no sábado (12) que a democrata Catherine Cortez Masto manteve o assento do Senado para Nevada. Com isso, o partido da situação permanece com 50 das 100 cadeiras nessa Casa, necessárias para ter a maioria, já que a vice-presidente Kamala Harris tem a prerrogativa do desempate.
De Phnom Penh, no Camboja, onde participa de uma cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), Biden celebrou o resultado.
"Eu me sinto bem e com expectativa para os próximos dois anos", declarou, assegurando que, depois disso, chega politicamente "mais forte" à reunião com seu homólogo chinês, Xi Jinping.
Os democratas ainda podem conquistar a vaga no estado da Geórgia, onde haverá um segundo turno em 6 de dezembro. Na sexta-feira (12), as redes já haviam projetado a reeleição do senador democrata Mark Kelly no Arizona.
Na sexta-feira, a Casa Branca disse que Biden telefonou para o ex-astronauta Kelly, de 58 anos, para parabenizá-lo por sua vitória. Seu concorrente republicano, Blake Masters, ainda não admitiu a derrota e, ontem à noite, Trump afirmou em sua rede Truth Social que o resultado no Arizona foi "um golpe e uma fraude eleitoral".
Os republicanos, que não alcançaram a esperada "onda vermelha" nessas eleições de meio de mandato tradicionalmente desfavoráveis ao partido no poder, parecem, no entanto, em condições de recuperar a maioria na Câmara de Representantes.
E já anteciparam que vão usar essa vantagem na Câmara baixa para iniciar investigações parlamentares contra o governo Biden e seus associados.
Sem o Senado, porém, a oposição republicana não poderá aprovar leis contrárias aos interesses do governo democrata, nem bloquear nomeações de juízes, embaixadores e funcionários do governo.
O líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, foi rápido em comemorar a vitória de seu partido, tuitando que o resultado foi uma "reivindicação" das conquistas de seu partido.
De acordo com a NBC News, os republicanos terão uma maioria de apenas cinco assentos, 220 contra 215. Há, no entanto, cerca de 20 eleições que ainda não divulgaram o resultado, principalmente na Califórnia.
Trump anunciará candidatura
Na próxima semana, Trump anunciará que pretende se candidatar à Presidência em 2024, disse ontem Jason Miller, assessor do ex-presidente.
Nos últimos dias, o ex-presidente, que terá 78 anos na próxima eleição, vinha insinuando sua intenção de se candidatar mais uma vez, enquanto fazia campanha para candidatos republicanos. Afirmou, especificamente, que fará um "anúncio muito importante" em 15 de novembro.
"O presidente Trump vai anunciar, na terça-feira, que está concorrendo à presidência", disse Miller a Steve Bannon, outro ex-assessor de Trump, em seu popular podcast "War Room".
Se confirmada, será sua terceira candidatura à Casa Branca, após perder para Biden em 2020. Depois dessa derrota, o magnata republicano promoveu alegações infundadas de fraude, algumas das quais levaram a uma invasão sem precedentes, em 6 de janeiro de 2021, ao Capitólio, em Washington, D.C.
O grande anúncio que Trump prometeu de sua residência na Flórida será feito após decepcionantes eleições de meio de mandato para vários candidatos endossados por ele.
Embora mais de 100 candidatos republicanos que contestaram os resultados das eleições presidenciais de 2020 tenham vencido suas respectivas disputas, alguns dos favoritos de Trump perderam assentos cruciais para os democratas.
Na Pensilvânia, os democratas ficaram com uma cadeira republicana, após a derrota de Mehmet Oz, um médico celebridade de televisão apoiado por Trump. Além de nunca ter ocupado um cargo público, Oz vive principalmente em Nova Jersey.
Trump esperava aproveitar uma "onda vermelha", cor que identifica os republicanos, a qual poderia estabelecer as bases para sua terceira candidatura presidencial. Até agora, porém, a legenda parece destinada a uma vitória muito menor do que se esperava.
Nas "midterms", todas as 435 cadeiras da Câmara de Representantes e um terço dos 100 membros do Senado são renovados, e vários governos e cargos locais são eleitos.
Com 211 cadeiras até agora, os republicanos teriam uma pequena maioria na Câmara. Já o controle do Senado poderá ser decidido em um segundo turno em 6 de dezembro, no estado da Geórgia. Com os dois partidos empatados em 49 cadeiras no Senado, os democratas agora precisam de apenas mais uma vitória para manter o controle nesta Casa, já que a vice-presidente Kamala Harris tem o voto de minerva.
"Imunidade absoluta"
Também na sexta-feira, os advogados de Trump contestaram uma intimação do comitê especial do Congresso americano que investiga o ataque ao Capitólio em 2021. Sua defesa alegou que o ex-presidente tinha "imunidade absoluta" e que não testemunhará na semana que vem.
A intimação é "inválida, ilegal e inaplicável", disseram os advogados, argumentando que o ex-presidente continua desfrutando do chamado privilégio executivo quase 22 meses após deixar o cargo e que, por isso, não pode ser obrigado pelo Congresso a comparecer.
A entrada antecipada de Trump na corrida pode estar planejada, em parte, para evitar possíveis acusações criminais por levar documentos confidenciais da Casa Branca; por tentativa de anular a eleição de 2020; e de promover o ataque ao Capitólio dos Estados Unidos.
Também pode ser uma tentativa de minar as chances de seu principal potencial concorrente nas primárias republicanas, o governador da Flórida, Ron DeSantis. Após garantir sua reeleição, com folga, na terça-feira, ele se tornou uma estrela em ascensão do partido.