Inflação no Reino Unido em outubro atinge máxima em 41 anos com alta nos preços da energia
O aumento dos preços da energia pesaram no resultado da inflação no mês passado
O aumento das contas de energia elevou a inflação do Reino Unido para uma alta de 41 anos em outubro, aumentando a pressão sobre o Banco da Inglaterra para aumentar as taxas de juros novamente.
O Índice de Preços ao Consumidor subiu para 11,1% no mês passado em relação ao ano anterior, informou o Escritório de Estatísticas Nacionais (ONS, sigla em inglês) nesta quarta-feira (16), acima da previsão de pico do banco central de 10,9% e a mediana de 10,7% que os economistas esperavam.
Os formuladores de políticas liderados pelo governador do BC britânico, Andrew Bailey, que prestará depopimento no Parlamento nesta quarta-feira, disseram que estão preparados para aumentar os custos dos empréstimos com força para evitar a espiral dos preços. A inflação está agora mais de cinco vezes acima da meta de 2% do BOE, apesar de oito aumentos na taxa básica de juros no ano passado.
Os números contrastam com as perspectivas nos EUA, onde cresce a especulação de que a inflação pode ter atingido o pico, permitindo que o Federal Reserve desacelere os aumentos das taxas. A Rússia reduziu o fornecimento de gás natural à Europa desde o ataque à Ucrânia, elevando o custo da eletricidade nos mercados atacadistas da região.
"Ainda não está claro se estamos atingindo o pico da inflação no ano, mas mesmo assim este é um período difícil para os mercados públicos" disse Andrew Aldridge, sócio da Deepbridge Capital.
A libra subiu até 0,3% após o anúncio dos dados sobre inflação, antes de apagar rapidamente os ganhos. Os mercados monetários adicionam até 10 pontos-base às apostas de aumento das taxas, que podem atingir um pico de cerca de 4,65% em agosto.
Medidas para devolver inflação à meta
O chanceler do Tesouro, Jeremy Hunt, disse que ajudará o BOE a devolver a inflação à meta, oferecendo medidas "duras, mas necessárias" para conter o déficit orçamentário do Tesouro. Ele culpou a invasão do presidente russo, Vladimir Putin, à Ucrânia por "aumentar a inflação em todo o mundo".
"Esse imposto insidioso está consumindo cheques de pagamento, orçamentos domésticos e poupanças, ao mesmo tempo em que frustra qualquer chance de crescimento econômico de longo prazo”, disse Hunt em um comunicado. “Não podemos ter crescimento sustentável de longo prazo com inflação alta.”
O aumento dos preços da energia foi a maior contribuição para os números da inflação do mês passado, apesar de um programa do governo para amenizar o impacto sobre os consumidores. Os preços do gás subiram quase 36,9% no mês e os da eletricidade subiram 16,9%.
A inflação teria sido de 13,8% se o governo não tivesse introduzido uma garantia de preço de energia que limitasse o aumento, disse o ONS.
O crescimento dos salários está atrás do aumento dos preços, gerando o maior aperto nos padrões de vida de que se tem memória e pressionando o governo do primeiro-ministro Rishi Sunak a agir. A taxa de inflação para famílias de baixa renda foi de 11,9%, em comparação com 10,5% para famílias mais ricas.
Na quinta-feira (17), Hunt deve estabelecer medidas orçamentárias, incluindo como o governo subsidiará as contas de energia após o término do pacote atual em abril. Ele disse que seu objetivo é reduzir a dívida e, ao mesmo tempo, proteger as pessoas mais vulneráveis.
Núcleo da inflação fica estável
O núcleo da inflação, que exclui os preços de energia, alimentos, álcool e tabaco, permaneceu inalterado em 6,5%. Os preços de alimentos e bebidas subiram 2% no mês, com leite, queijo e ovos registrando grandes aumentos, junto com chocolate, geléia, ketchup de tomate, molhos culinários e refrigerantes. Dez das 11 categorias de alimentos subiram, com exceção de chá e café.
O custo das atividades de lazer subiu de preço em outubro. Houve um efeito de queda nos preços dos custos de transporte, refletindo uma mudança para a compra de carros usados.
Os preços da gasolina e do diesel caíram 0,5% no mês, após alta no ano anterior. Houve alguma evidência de que os custos enfrentados pelas empresas estão diminuindo, com os preços dos insumos manufaturados subindo menos no ano até outubro do que em setembro.
"Outubro pode marcar um ponto de virada, já que esperamos que a taxa de inflação comece a cair nos próximos meses" disse Yael Selfin, economista-chefe da KPMG UK. "Olhando para o futuro, a combinação de crescimento mais fraco e o impacto decrescente dos choques de oferta global podem levar a uma redução nas pressões de preços."