Morre Isabel, ícone do vôlei, aos 62 anos; atleta estava no grupo de transição do governo
Atleta passou pelas quadras e pela praia; ela é mãe de Pedro e Carol Solberg
O vôlei brasileiro perdeu um de seus grandes nomes nesta quarta-feira (16). Morreu a ex-ponteira Isabel Salgado, aos 62 anos. A ex-atleta foi acometida pela síndrome aguda respiratória do adulto (SARA), uma condição clínica rara. Chegou a ser internada no Hospital Sírio-Libanês.
Maria Isabel Barroso Salgado, a Isabel, nasceu no Rio de Janeiro e fez grande carreira no esporte. Nas quadras, foi revelada pelo Flamengo e fez história ao ser a primeira jogadora brasileira a atuar na Europa, quando rumou ao Modena, da Itália, em 1980.
Isabel atuou nas Olimpíadas de Moscou-1980 e Los Angeles-1984, numa época em que a seleção brasileira feminina ainda dava seus primeiros passos na profissionalização. Rotulada de "musa", notabilizou-se por uma (pouco comum para a época) voz feminina forte e a assertiva postura de defesa das suas ideias.
Após o fim da carreira nas quadras, foi nome importante também no vôlei de praia, onde chegou a atuar ao lado de Jackie Silva, uma da suas principais amigas da época de quadra.
Na última segunda-feira (14), Isabel Salgado tinha sido anunciada pelo vice-presidente eleito Geraldo Alckimin (PSB) como parte da equipe técnica de Esportes do gabinete de transição da Presidência. O grupo montado pelo prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT), também conta com nomes como Ana Moser e Raí.
Relação com o cinema
A ex-ponteira Isabel Salgado tem uma relação com o cinema brasileiro. Ela foi casada com o diretor Ruy Solberg, conhecido pelo trabalho em "O homem do morcego" (1980). Ele também trabalhou como ator em "Ganga zumba" (1963), de Cacá Diegues. Do casamento com o cineasta, nasceram dois dos cinco filhos de Isabel: Pedro Solberg e Carol Solberg, ambos atletas do vôlei de praia.
Isabel também se arriscou em cena. Em 1998, fez uma participação especial em "Como ser solteiro", de Rosane Svartman. A ex-atleta está presente em uma cena de piquenique ao lado de Rosana Garcia, Cássia Linhares, Isabela Garcia e Daúde.
A ex-jogadora de vôlei também é personagem do documentário "Mulheres olímpicas" (2013), dirigido por Laís Bodanzky. O filme mostra que a história da mulher no esporte também se confunde com a história da mulher como um todo.
No momento, Isabel trabalhava em um documentário para a HBO ao lado da produtora Paula Barreto, que chegou a enviar mensagem a amigos de ambas em que conta:
"Queridos amigos , nossa Isabel se foi. Fiz um call com ela na segunda-feira quando emplacamos o projeto que tenho com ela na HBO . Ela estava super feliz , me ligou depois eufórica . Ela estava super gripada. Falei para ela ir a um hospital , ela me disse que já tinha ido e testado negativo para Covid. Na segunda a noite foi dormir e passou mal. Deixou para ir para o hospital Sírio na terça de manhã. Quando acordou na terça já estava bem pior. Internou no Sírio já no CTI . Detectaram um bactéria que já tinha tomado todo o pulmão. Foi entubada e teve uma parada cardíaca as 4 da manhã hoje e não resistiu".
Apesar de não ter ainda um pronunciamento oficial da família, fontes próximas relataram que os filhos estão num voo para o Rio de Janeiro para resolverem questões do enterro, que ocorrerá no Crematório e Cemitério do Caju. A cremação do corpo está agendada para 14h.