COP27

Países do Sul aumentam a pressão na COP27 por fundo para perdas e danos climáticos

Não apenas o fundo é necessário, mas "há um problema de tamanho" com o dinheiro que deve ser desembolsado

Ativistas climáticos protestam do lado de fora do Centro de Convenções Internacional de Sharm el-Sheikh, durante a conferência climática COP27 na cidade turística de mesmo nome, no Mar Vermelho, no Egito, em 17 de novembro de 2022 - Mohammed Abed / AFP

Os países em desenvolvimento exigiram nesta quinta-feira (17), na COP27, a criação rápida de algum tipo de fundo para perdas e danos causados pelas mudanças climáticas. A conferência do clima da ONU no Egito termina na sexta-feira (18).

“Consideramos que a criação de um fundo de perdas e danos é uma resposta adequada” ao sofrimento causado pelos eventos climáticos extremos, declarou Francisco Javier Canal Albán, vice-ministro de Planejamento Ambiental do Território Colombiano, em entrevista coletiva. “Existe um imperativo de justiça moral e climática”, acrescentou.

A coletiva de imprensa, convocada em plena negociação da COP27, reuniu o maior grupo de países do sistema ONU (G77, com 134 membros), os países menos desenvolvidos (LDC), os das ilhas (AOSIC) e oito países latino-americanos que são membros da AILAC (Associação Independente da América Latina e Caribe).

A COP27 deve encerrar "pelo menos com uma declaração política" de compromisso com a criação desse fundo ou mecanismo, demanda antiga dos países do Sul, acrescentou a ministra de Mudanças Climáticas do Paquistão, Sherry Rehman.

A discussão sobre esse fundo foi aberta na COP26 em Glasgow, há um ano. Oficialmente, os quase 200 países negociadores ainda têm dois anos para chegar a um acordo.

Os países desenvolvidos, especialmente os Estados Unidos, não querem a criação de um novo fundo especialmente dedicado à espinhosa questão de uma indenização pelas consequências da industrialização e pela emissão de gases de efeito estufa.

“Atrasar a justiça climática seria negar justiça”, acrescentou Rehman. No entanto, abandonar as negociações seria "prematuro", acrescentou a paquistanesa.

Não apenas o fundo é necessário, mas "há um problema de tamanho" com o dinheiro que deve ser desembolsado, acrescentou Malcom Stufkens, subsecretário de Meio Ambiente do governo hondurenho, também membro da AILAC.

Devido à aceleração dos efeitos das mudanças climáticas, os países em desenvolvimento devem intensificar as medidas de adaptação, mitigação de emissões e transição energética.

Alguns observadores estimam que isso equivale a gastar 580 bilhões de dólares em 2030.

"Há capital suficiente no mundo  (...) para fechar essa lacuna", disse Stufkens.

"Estou frustrado pelo fato de que os compromissos políticos não foram transformados em ação", criticou o ministro do Meio Ambiente de Antígua e Barbuda, Molwyn Joseph.