"Só Se For por Amor" marca o segundo personagem machista de Gustavo Vaz em séries da Netflix
O ator conta que não conhecia muito do sertanejo antes de se preparar para o papel
O machismo virou um tema recorrente na teledramaturgia. E isso independentemente do período que está sendo retratado. Gustavo Vaz mesmo já experimentou essa abordagem em épocas bem distintas. Em “Coisa Mais Linda”, da Netflix, ele deu vida ao feminicida Augusto, em uma trama ambientada nos anos 1950. Agora, na mesma plataforma, pode ser visto na pele do empresário musical César de “Só Se For por Amor”.
“César passa por uma profunda crise no casamento e precisa aprender a se reinventar rapidamente diante de uma tragédia. Diferentemente do Augusto, hoje, o César é desautorizado por uma sociedade felizmente consciente da necessidade da destruição do patriarcado em uma série guiada por importantes forças femininas”, avalia o carioca de 38 anos.
De cara, o personagem chamou a atenção do intérprete. “Antagonistas e vilões sempre são muito prazerosos, pois normalmente trazem complexidade e conflitos deliciosos de explorar”, defende. Para se preparar para as cenas, Gustavo decidiu buscar inspirações, inicialmente, no ponto mais óbvio.
“Ouvi músicas bregas e sertanejas, clássicas e atuais, para entender a série pelo lugar do sensível”, conta. Além disso, o ator buscou referências também no cinema. “Assisti a alguns documentários relacionados ao sertanejo e ao universo de grandes shows. Também li livros sobre produção musical”, explica.
A experiência acabou sendo uma grande novidade para Gustavo. Afinal, “Só Se For por Amor” aborda um universo bem distante da realidade dele. “Só tinha me relacionado com o sertanejo quando cantava músicas com os amigos, em rodas de violão ou karaokês”, admite.
No entanto, nesse mergulho para a construção do personagem, acabou se surpreendendo. “Me chamou atenção o poder de comunicação com o público e a capacidade de se adaptar e acompanhar tendências desse movimento”, entrega.
Em breve, Gustavo poderá ser visto em outra série, desta vez no Globoplay. O ator, que já integrou o elenco de “Aruanas” na plataforma de streaming da Globo, está confirmado em “A Vida pela Frente”, com direção de Leandra Leal e Bruno Safadi.
“Ainda não posso falar muito sobre o trabalho, mas meu personagem entra modificando estruturas importantes, e, com isso, acaba também fazendo parte da trama central”, adianta ele, que dará vida a Ivo, pai da personagem principal da história, Lyz, papel de Nina Tomsic. Leandra também contracenará com Gustavo, já que atuará como a ex-mulher de seu personagem.
Entrevista Ping-Pong:
Nome: Gustavo Vaz.
Nascimento: 19 de abril de 1984, no Rio de Janeiro, RJ.
Atuação inesquecível: Augusto, em “Coisa Mais Linda”, série da Netflix. “E, no teatro, como Francis, em ‘Tom na Fazenda’”.
Interpretação memorável: Clayton Nascimento na peça “Macacos”.
Momento marcante na carreira: “Minha primeira aula de teatro”.
O que falta na televisão: “Risco”.
O que sobra na televisão: “Repetição”.
Com quem gostaria de contracenar: Fernanda Montenegro.
Se não fosse ator, seria: “Infeliz”.
Ator: “São muitos”.
Atriz: “São muitas”.
Novela: “Renascer”, escrita por Benedito Ruy Barbosa e exibida originalmente pela Globo em 1993.
Vilão marcante: Iago, na peça “Otelo, o Mouro de Veneza”, de William Shakespeare.
Personagem mais difícil de compor: “O próximo, certamente”.
Que papel gostaria de representar: “Sempre os mais diferentes de mim”.
Filme: “Drive My Car”, dirigido por Ry?suke Hamaguchi, e “Marte Um”, de Gabriel Martins, ambos lançados no Brasil em 2022.
Autor: José Luís Peixoto.
Diretor: Michael Haneke.
Mania: “De falar”.
Medo: “De perder a fé em mim, nos outros, no mundo”.
Projeto: “Contribuir, como posso, para a construção de um país menos desigual, mais consciente e com cultura e arte disponíveis para todos”.