Mantega deixa equipe de transição de Lula e acusa "adversários interessados em tumultuar"
Ex-ministro da economia estava de forma voluntária no grupo do presidente
Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda, renunciou na tarde desta quinta-feira (17) ao posto que teria na equipe de transição do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele atuaria no grupo do presidente eleito que trata do planejamento. A renúncia do ex-ministro foi antecipada pelo jornal "Folha de S. Paulo".
Em uma carta enviada ao vice-presidente eleito e coordenador da transição, Geraldo Alckmin (PSB), ele agradeceu o convite e justificou que o motivação foi "adversários interessados em tumultuar a transição e criar dificuldades para o novo governo".
Mantega é economista. Foi ministro do Planejamento Orçamento e Gestão no governo Lula, presidente do BNDES e ministro da Fazenda de Dilma Rousseff. Alckmin, segundo a assessoria de imprensa da transição, ligou para Mantega e agradeceu o gesto.
Na carta, Mantega cita processo do Tribunal de Contas da União (TCU), no qual foi responsabilizado "indevidamente" por ter participado das pedaladas fiscais que culminaram o impeachment de Dilma Rousseff.
Ele argumenta ainda que aceitou fazer parte da equipe de transição como voluntário, "colaborador não remunerado, sem cargo público, para não contrariar a decisão" que o impde de exercer cargo público por oito anos.
"Diante disso, resolvi solicitar meu afastamento da Equipe de Transição, no aguardo de decisão judicial que irá suspender os atos do TCU que me afastaram da vida pública", disse Mantega.
Leia a íntegra da carta:
Prezado Vice-presidente
Geraldo Alckmin
Coordenador Geral da Equipe de Transição
Aceitei com alegria o convite para participar do Grupo de Transição, na certeza de poder dar uma contribuição para a implantação do governo democrático do presidente Lula.
Entretanto, em face de um procedimento administrativo do TCU, que me responsabilizou indevidamente, enquanto ministro da Fazenda, por praticar a suposta postergação de despesas no ano de 2014, as chamadas pedaladas fiscais, aceitei trabalhar na Equipe como colaborador não remunerado, sem cargo público, para não contrariar a decisão que me impedia de exercer funções públicas por 8 anos.
Mesmo assim essa minha condição estava sendo explorada pelos adversários, interessados em tumultuar a transição e criar dificuldades para o novo governo.
Diante disso, resolvi solicitar meu afastamento da Equipe de Transição, no aguardo de decisão judicial que irá suspender os atos do TCU que me afastaram da vida pública. Estou confiante de que a justiça vai reparar esse equívoco, que manchou minha reputação.
Agradecendo a confiança,
Atenciosamente,
Guido Mantega