Neymar: o ponto de desequilíbrio positivo ou negativo da Seleção Brasileira, na Copa
Camisa 10 chega ao Mundial em grande fase, mas aspecto emocional pode ser problema para o Brasil
Principal nome da Seleção Brasileira, Neymar chega em grande fase na Copa do Mundo do Catar. São 27 participações em gols com a camisa do Paris Saint-Germain, em 20 jogos disputados, para o jogador que voltou das férias antes dos companheiros com um objetivo na mente: conquistar o Mundial realizado no Oriente Médio. Com a bola no pé, é inegável que o camisa 10 tenha totais condições de trazer o hexa para o Brasil.
Após o bom início de temporada, o craque chegou a receber elogios do técnico Tite e também do treinador do PSG, Christophe Galtier. O francês, inclusive, ressaltou o profissionalismo do astro brasileiro. "Neymar está jogando muito bem e está em forma. Adiantou as férias e está preparado física e mentalmente. Não há segredos no futebol. Se ele estiver fisicamente apto, isso permite que ele continue em um bom nível", declarou Galtier.
Esta será a terceira Copa do Mundo de Neymar. Em 2014, fazia bom torneio até a grave lesão sofrida perante a Colômbia nas quartas de final. Em 2018, não chegou 100% fisicamente à Rússia, após passar por cirurgia no quinto metatarso do pé direito meses antes do Mundial. Agora, aos 30 anos, demonstra estar no auge de sua forma física. E na visão do comentarista Marcelo Cavalcante, Neymar desembarca no Catar ciente da pressão sobre seus ombros, em relação à conquista do hexacampeonato.
"Ele sabe dessa obrigação. Existe muita coisa ao redor dele: mídia, torcida, patrocinadores. Mais um fiasco seria algo muito ruim para um cara que sempre conquistou títulos importantes. O povo brasileiro o vê como o craque de uma geração. Enxergo tudo isso de forma muito natural. A cobrança do povo em torno do futebol é até maior do que a cobrança em cima dos governantes. Tenho visto ele mais calado, mais centrado nisso. Não sou fã do jogador, mas reconheço o seu talento e sua importância no atual futebol brasileiro. Vejo ele preocupado com o grupo, com o titulo da Seleção. Isso é muito positivo", contou.
No entanto, a qualidade técnica de Neymar nunca foi uma preocupação para os brasileiros. O receio em relação ao jogador está na parte psicológica. Além de ter que lidar com toda pressão sobre ser 'o cara' da principal seleção do mundo, ver o camisa 10 do Brasil cair em provocações e perder a cabeça em algumas partidas não é algo incomum. Tais atos fazem chover uma enxurrada de críticas sobre seu comportamento. Não à toa, no ano passado, ainda aos 29 anos, Neymar não descartou aposentar a Amarelinha de sua rotina futebolística após o torneio do Catar. Na época, o atleta contou não saber se teria "mais condições de cabeça de aguentar mais futebol".
"A gente sabe que Neymar tem uma pressão externa de muitos anos. Mas, o que é importante sinalizar, é que o atleta pode chegar no esgotamento psicológico, e isso pode ser um dos fatores que o faz querer parar de jogar", explicou a psicóloga clínica e esportiva, Rosângela Vieira.
Ainda segundo a profissional, cada vez mais os atletas precisam ter acompanhamento psicológico no dia a dia. Cuidar da mente está tão importante como se preparar bem fisicamente e tecnicamente. "O atleta que está no alto nível e não tem essa preparação mental, que não sabe lidar com as questões cognitivas e emocionais, pode, em algum momento, tomar decisões que não são assertivas. Não adianta preparar ele fisicamente e tecnicamente, se a variável mental vai ser o que define algumas coisas. O atleta precisa do treino mental para enfrentar a vida dele de uma forma que tenha mais decisões assertivas. Acontece muitas vezes dele ter uma fragilidade física e técnica, mas emocionalmente não saber lidar com isso pode ser algo definidor para o rendimento dele", enfatizou.