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Malásia busca governo de coalizão sob a sombra do islamismo

A maioria dos quase 33 milhões de habitantes do país é muçulmana, mas também existem outras importantes minorias

Bandeira da Malásia - Unsplash

Os dois blocos mais votados nas recentes eleições da Malásia tentam, nesta segunda-feira (21), conseguir o apoio de partidos menores para formar um governo de coalizão na terceira economia do Sudeste Asiático, onde um partido conservador islâmico pode ganhar influência.

As eleições de sábado (19) não deixaram uma maioria clara. Tanto o veterano líder opositor Anwar Ibrahim como o ex-primeiro-ministro Muhyiddin Yassin reivindicam apoios para controlar o Parlamento.

Para quebrar esta paralisia, os diferentes partidos devem apresentar nesta segunda-feira ao palácio real as suas preferências para o cargo de primeiro-ministro e as coalizões governamentais.

O bloco liderado pela Organização Nacional de Malaios Unidos (UMNO), que já foi o dominante da política nacional, ficou muito atrás nas pesquisas, em seu pior resultado desde a independência em 1957.

Detalhes sobre possíveis alianças são escassos, mas dentro do bloco de Muhyiddin está o conservador Partido Islâmico Pan-Malaio (PAS), que promove uma interpretação rígida da lei islâmica.

Nas eleições, este partido foi o mais votado dentro do bloco de Muhyiddin, o que gera temores entre os analistas por sua possível influência na política nacional.

Em 2017, o partido forçou o cancelamento de um festival anual de cerveja na capital Kuala Lumpur. Um ano depois, duas mulheres condenadas por fazerem sexo juntas foram espancadas em público em um estado administrado pelo PAS.

Bridget Welsh, da Universidade de Nottingham na Malásia, disse à AFP que se o PAS "tiver a maioria dos cargos do governo, isso criará ansiedade". Além disso, os direitos das mulheres "podem ser afetados", acrescentou.

O PAS já fez parte de um governo de coalizão no passado, mas desta vez tem um apoio muito mais forte.

Até agora não havia tentado forçar sua agenda com firmeza, mas "pode ficar tentado a estampar sua identidade no novo governo", afirmou Asrul Hadi Abdullah Sani, vice-presidente da empresa BowerGroupAsia.

A maioria dos quase 33 milhões de habitantes são malaios e muçulmanos, mas o país também tem importantes minorias chinesas e indianas.