Google homenageia Virgínia Leone Bicudo, primeira psicanalista sem formação médica
Pioneira nos estudos raciais no Brasil faria 112 anos nesta segunda (21)
A página inicial do Google amanheceu diferente nesta segunda-feira (21), isso porque o Doodle, ferramenta que usa de versões diferentes da marca do Google para prestar sua homenagem e se posicionar diante de algum acontecimento marcante, homenageia a psicanalista e socióloga brasileira Virgínia Leone Bicudo.
A pioneira nos estudos raciais no Brasil faria 112 anos neste dia, 21 de novembro.
História
Filha de imigrante italiana, Giovanna Leone, que veio para o Brasil como empregada doméstica e Theóphilo Júlio, escravo alforriado, Virginia nasceu no ano de 1910, em São Paulo, sendo a segunda de seis irmãos.
Por ser muito curiosa, e ter influência do seu pai, que sonhava em ser médico, demonstrou interesse por conhecimento desde muito nova, sendo considerada uma aluna muito aplicada que colecionava boas notas.
Apesar dos preconceitos e discriminações que sofria por conta de sua origem, Virgínia iniciou os estudos na Escola Normal Caetano de Campos, no bairro da Luz, na cidade de São Paulo, e logo depois começou o curso de Educação Sanitária no Instituto de Higiene de São Paulo.
Quando formada, iniciou seus trabalhos na seção de Higiene Mental Escolar do Serviço de Saúde Escolar, de onde se tornou educadora sanitária.
No ano de 1936, entrou na primeira instituição de ensino superior do Brasil, a Escola Livre de Sociologia e Política, no curso de Ciências Políticas e Sociais. Ela era punica mulher no programa.
Depois de dois anos se formou com seu diploma de bacharel.
Em 1945 Bicudo fez sua pós na mesma escola. Com o tema Estudo de atitudes raciais de pretos e mulatos em São Paulo, foi o primeiro trabalho de pós-graduação no Brasil com foco nas relações raciais
Durante seu tempo na Escola Livre de Sociologia e Política, ela aprendeu sobre Sigmund Freud.
Seus estudos lhe renderam um convite para participar de um projeto de pesquisa da Unesco que analisa raça em diferentes países.
Em sua pesquisa concluiu que o Brasil não era uma democracia racial, o que contradizia as crenças de seu orientador e fez com que seu trabalho não fosse publicado.
Virgínia foi uma grande defensora da psicanálise no Brasil, como primeira psicanalista sem formação médica, além de ter sido uma das primeiras professoras universitárias negras do Brasil, acreditava que poderia usar a psicanálise para entender melhor as tensões raciais no Brasil, que tiveram um impacto significativo na vida dela e de seu pai.
Em 1962, foi eleita presidente da segunda diretoria do Instituto de Psicanálise, função que desempenharia até 1975.