Transportes gratuitos, estádios próximos e dois jogos por dia: torcedores vivem experiência inédita
Facilidades diminuem custos já altos de fãs que querem imergir na atmosfera do mundial
CATAR - Assistir a uma partida de Copa do Mundo, in loco, já é um marco na vida de qualquer apaixonado por futebol. Mas, imagina conseguir ir em duas em um mesmo dia? Parece loucura, mas, no mundial do Catar, sim, é possível.
Diferentemente das edições anteriores, principalmente das duas últimas (Rússia 2018 e Brasil 2014), em que a distância entre os estádios chegava a ultrapassar os dois mil quilômetros, a edição deste ano, por ser em um país pequeno, não passa de 70 quilômetros o caminho a ser percorrido entre as sedes mais distantes.
Some-se a isto o fato do transporte público de Doha estar sendo oferecido de forma 100% gratuita para todos os torcedores, juntamente com esquemas complementares de locomoção montados pelo Comitê Organizador Local.
Todo este cenário permite que, pela primeira vez, os fãs consigam comparecer em dois jogos em um só dia, como é o caso do engenheiro de softwares, Carlos Rafael.
O pernambucano de 29 anos, que há um ano mora em Munique, na Alemanha, chegou à Doha para passar cinco dias, com cinco jogos agendados para serem assistidos in loco. Em sua terceira Copa do Mundo, Carlos iniciou a trajetória no Catar pela goleada da Inglaterra por 6x2 perante o Irã, na última segunda-feira (21) e, depois de um dia de folga, iniciou uma maratona de jogos desta quarta-feira (23). Como uma verdadeira maratona, precisou de uma preparação especial.
“Nos últimos dois dias, eu fiquei na rua até tarde, visitando alguns locais. Hoje, fiz diferente. Coloquei o despertador para tocar às 8h30, comi rapidamente e saí para o primeiro jogo do dia às 9h30”.
O destino foi o Estádio Al Bayt, na cidade de Al Khor, cerca de 52 quilômetros de Doha. Para chegar lá, foi necessário utilizar o metrô e, ao chegar à estação Lusail, um ônibus da organização local em direção ao palco da partida. Pouco mais de uma hora depois, Carlos chegou ao estádio, mas a expectativa de ver a bola balançando as redes foi frustrada com o empate sem gols entre Marrocos e a atual vice-campeã do mundo, Croácia.
Mal sabia ele que a fonte – quase inesgotável – de gols estava a 62 quilômetros dali. Foi no estádio Al Thumama, segundo destino do dia, que o pernambucano de Olinda veria a Espanha aplicar a sua maior goleada em mundiais, ao balançar as redes sete vezes contra a Costa Rica. Desta vez, foram necessários dois ônibus e um metrô.
“É tudo bem sinalizado. Não tem como o cara se perder. Temos um mapa e, em todos os lugares, têm placas e voluntários informando as pessoas. Eu não fui para muitas copas, mas acho que a estrutura que eles fizeram não tem igual.”
Os estádios mais distantes entre si, nesta edição do Catar, estão separados por 68 quilômetros, enquanto, nas edições anteriores, a distância chegava nos 2.300 quilômetros na Rússia (2018) e nos 2.400 quilômetros no Brasil, que conectavam a Arena da Amazônia, em Manaus, ao Beira-Rio, no Rio Grande do Sul.
“Sendo todas as sedes perto, é bem melhor para o torcedor, porque não precisamos nos deslocar entre as cidades e ter de resolver coisas como transporte e acomodação. Isso proporciona, como foi o meu caso, a possibilidade de assistir a duas partidas no mesmo dia”.
A aventura não para por aí porque, antes de voltar para Munique na sexta-feira (25), onde vive há um ano desde que deixou Olinda, Carlos Rafael repetirá a dose nesta quinta-feira (24), quando inicia o dia assistindo a Suíça e Camarões, no Al Janoub e, em seguida, se deslocará 40 quilômetros até o Estádio Lusail, onde o Brasil estreia às 22h (16h de Brasília) contra a Sérvia.