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Irã rejeita resolução da ONU para investigar repressão

A onda de protestos começou há dois meses após a morte da jovem curda Mahsa Amini

Manifestantes colocam imagens das vítimas do regime iraniano em frente a sede da ONU - Valentin Flauraud / AFP

O Ministério iraniano das Relações Exteriores criticou a resolução aprovada na quinta-feira (24) pelo Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas para que sejam investigadas as violações cometidas na repressão às manifestações no Irã.

Apresentado por Alemanha e Islândia, o texto foi aprovado por 25 votos a favor, seis contra e 16 abstenções, durante uma reunião deste órgão realizada em caráter de urgência, em Genebra.

Na reunião, os 47 países-membros do principal órgão da ONU em matéria de direitos humanos decidiram nomear uma equipe de investigadores de alto nível para esclarecer todas as violações de direitos humanos ligadas à repressão das manifestações no Irã.

Em um comunicado divulgado na quinta-feira à noite, a Chancelaria iraniana enfatizou que a República Islâmica se opunha a esta reunião de emergência da ONU e "rejeitava totalmente" a resolução aprovada.

O ministério garantiu ainda que seu país já "constituiu uma comissão nacional de investigação composta por juristas, com a participação de representantes independentes".

Portanto, "a criação de um novo mecanismo para analisar os incidentes dos últimos dois meses no Irã é inútil e representa uma violação da soberania nacional do país", acrescentou.

A Chancelaria acusou as autoridades alemãs de fazerem "acusações falsas e provocativas sobre violações dos direitos humanos, direitos das mulheres e direitos das crianças no Irã".

"É um erro estratégico da Alemanha e de alguns países ocidentais, e o tempo mostrará que essa cegueira será prejudicial aos seus interesses", acrescentou o comunicado.

A diplomacia iraniana defendeu ainda que a resolução foi adotada "sob pressão de certos lobbies políticos e se baseou em informações falsas propagadas pela mídia anti-iraniana".

A repressão teria deixado pelo menos 416 mortos, segundo a ONG Iran Human Rights (IHR), com sede na Noruega.

A onda de protestos começou há dois meses após a morte da jovem curda Mahsa Amini, presa por não respeitar o uso do véu islâmico em público.