Maduro e oposição venezuelana retomam negociações
Objetivo é realizar eleições "livres" e suspender as sanções impostas pelos Estados Unidos
O governo de Nicolás Maduro e a oposição venezuelana retomarão, neste sábado (26), as negociações no México, após 15 meses de interrupção, com o objetivo de realizar eleições "livres" e suspender as sanções impostas pelos Estados Unidos.
Ao chegar à Cidade do México, onde as negociações serão formalmente retomadas, o principal negociador do governo venezuelano, Jorge Rodríguez, reiterou à imprensa que um dos objetivos desta rodada é "assinar um amplo acordo com um setor da oposição venezuelana".
Ele se referiu a um pacto que liberaria recursos venezuelanos bloqueados no exterior, como o governo havia adiantado, sem especificar onde estão localizados ou seu valor.
O dinheiro serviria, entre outras coisas, para aliviar o colapso dos serviços básicos em um país onde a pobreza atinge oito em cada dez pessoas, segundo a Pesquisa Nacional de Condições de Vida (Encovi), um estudo publicado em 10 de novembro.
A crise política e econômica forçou cerca de sete milhões de venezuelanos a emigrar, segundo as Nações Unidas.
"Defender a paz"
A delegação também chega ao México para "cumprir seu papel de defender a paz, o direito que temos (...) de viver em paz", acrescentou Rodríguez - presidente da Assembleia Legislativa Nacional - em um hangar militar no aeroporto da capital junto com sua equipe de negociação.
Maduro exige principalmente o levantamento das sanções dos EUA ao governo venezuelano, que incluem um embargo de petróleo e o bloqueio de bens.
A chegada dos representantes da opositora Plataforma Unitária, que aspira a soluções para a "crise humanitária, respeito aos direitos humanos (...) e principalmente" garantias de "eleições livres e observáveis", ainda não foi noticiada.
No entanto, uma fonte ligada ao processo disse à AFP que ainda não há consenso sobre as próximas eleições, que em teoria deveriam ser realizadas em 2024, e suas condições.
A oposição acusa Maduro de ter se reeleito de forma fraudulenta em 2018. Os Estados Unidos e os países europeus também não reconheceram essas eleições.
Com base nessa denúncia e invocando seu status de líder do Parlamento, o líder da oposição Juan Guaidó se autoproclamou presidente da Venezuela em 2019 com o apoio de cinquenta países, liderados pelos Estados Unidos.
Mas desde então sua liderança perdeu força, assim como seu poder de convocação. Isso, somado às mudanças em nível internacional e à aproximação entre o governo de Maduro e os Estados Unidos, deu impulso ao herdeiro do presidente Hugo Chávez, falecido em 2013.