Quatro palestinos mortos e uma mulher ferida em confrontos na Cisjordânia
A violência aumentou nos últimos meses na Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel desde 1967
As forças de segurança israelenses mataram três palestinos em confrontos durante a madrugada de terça-feira (29) na Cisjordânia ocupada, horas antes de um suposto agressor ser morto depois de ferir gravemente uma mulher ao avançar com seu carro, informaram as autoridades palestinas e o exército de Israel.
A mulher de 20 anos está em "condição grave", com uma lesão na cabeça depois de ser atropelada no norte de Jerusalém, segundo os médicos. O hospital Shaare Tzedek confirmou que o motorista está morto.
A Cisjordânia vive uma espiral de violência, com operações quase diárias do exército israelense que provocaram dezenas de mortes de combatentes palestinos, mas também de civis. De maneira paralela, os colonos judeus são cada vez mais alvos da violência palestina, às vezes com vítimas fatais.
O exército de Israel afirmou que respondeu à agressão de "agitadores" em dois incidentes.
Os primeiros confrontos aconteceram em Beit Ummar, perto de Hebron, uma cidade no sul da Cisjordânia que é cenário de grande tensão entre colonos israelenses e a população palestina. Depois foram registrados incidentes em Kafr Ein, perto de Ramallah, sede da Autoridade Palestina.
O ministério palestino da Saúde informou que um homem morreu em Beit Ummar ao ser atingido na cabeça por um tiro de soldados israelenses.
O exército do Estado hebreu afirmou em um comunicado que abriu fogo, sem provocar vítimas, contra pessoas que atiravam pedras e artefatos explosivos contra os soldados, depois que dois veículos militares ficaram bloqueados por um problema técnico perto de Beit Ummar.
Em Kafr Ein, Jawad e Dhafer Abdul Rahman Rimawi, irmãos de 22 e 21 anos respectivamente, morreram em uma operação do exército israelense, anunciou o ministério palestino.
O ministro palestino de Assuntos Civis, Hussein Al Sheikh, tuitou que foi uma "execução a sangue frio", que classificou de "crime horrível".
O exército de Israel citou um "motim violento durante as atividades de rotina" das forças de defesa do país, nas proximidades de Kafr Ein. "Suspeitos atiraram pedras e coquetéis molotov na direção dos soldados, que responderam com meios de dispersão antidistúrbios e balas letais", afirma um comunicado.
"Estamos a par das informações sobre dois palestinos mortos. O incidente está sendo analisado", acrescenta a nota.
"Ponto de ebulição"
Após os confrontos, o movimento islamita palestino Hamas, que administra a Faixa de Gaza e tem partidários na Cisjordânia, afirmou em um comunicado que a "escalada" israelense terá como resposta uma "resistência crescente" dos palestinos.
A violência aumentou nos últimos meses na Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel desde 1967.
Após os atentados letais de março e abril em Israel e ataques posteriores, o exército israelense efetuou mais de 2 mil incursões na Cisjordânia, em particular nas áreas de Jenin e Nablus (norte), redutos dos grupos armados.
As operações, e os confrontos que provocaram, deixaram mais de 125 palestinos mortos, o maior número de vítimas em sete anos, segundo a ONU.
"O conflito atinge novamente um ponto de ebulição", declarou na segunda-feira o mediador da ONU para o Oriente Médio, Tor Wennesland, na véspera do Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestino.
Os confrontos acontecem em um momento de negociações para a formação de um novo governo em Israel, entre o primeiro-ministro designado Benjamin Netanyahu, que lidera o partido de direita Likud, e seus aliados ultraortodoxos e de extrema-direita, que venceram as eleições legislativas de 1º de novembro, superando o movimento de centro comandado pelo atual chefe de Governo Yair Lapid.
Itamar Ben Gvir, um dos líderes da extrema-direita - que conquistou o número recorde de 14 cadeiras no Parlamento - afirma que as forças israelenses devem utilizar mais violência contra o que chama de "terrorismo".