guerra na ucrânia

Moscou ataca papa por críticas às "cruéis" minorias russas na Ucrânia

Francisco afirmou que os "mais cruéis" entre as fileiras da Rússia na Ucrânia "não são da tradição russa"

Guerra na Ucrânia - Juan Barreto/AFP

A Rússia expressou sua "indignação" com as declarações do papa Francisco, nas quais classificou como "cruéis" as minorias étnicas russas que participam da intervenção militar na Ucrânia – informaram várias agências de notícias nesta terça-feira (29).

Em uma entrevista publicada na segunda-feira (28), Francisco afirmou que os "mais cruéis" entre as fileiras da Rússia na Ucrânia "não são da tradição russa", mas minorias como "chechenos, buryats e outros".

De acordo com a agência estatal russa RIA Novosti, o embaixador de Moscou no Vaticano, Alexander Avdeev, apresentou uma queixa oficial após as declarações.

"Expressei minha indignação com tais insinuações e ressaltei que nada pode abalar a coesão e a unidade do povo multinacional russo", disse Avdeev à agência.

Em setembro, quando o Kremlin anunciou o recrutamento de centenas de milhares de homens para o Exército, Moscou foi acusada de atrair desproporcionalmente minorias étnicas da Sibéria e do Cáucaso.

Os críticos afirmam que as minorias de regiões empobrecidas e isoladas morrem em maior número na Ucrânia do que os russos.

Ao mesmo tempo, essas minorias são acusadas de terem um papel violento em lugares como Bucha, a cidade ucraniana onde soldados russos supostamente cometeram massacres de civis.

Ontem, a porta-voz do Ministério russo das Relações Exteriores, Maria Zakharova, declarou que os comentários do papa vão "além da russofobia", chamando-os de "perversão".

A Free Buryatia Foundation, um grupo que defende os direitos dos buryats e se posicionou contra o conflito na Ucrânia, também criticou os comentários do papa.

"Os estereótipos continuam sendo estereótipos, independentemente de quem os reproduz: ativistas, políticos, ou líderes espirituais. E os comentários do papa sobre os 'cruéis buryats e chechenos' não são apenas estereótipos racistas, mas também mentiras", condenou a organização em mensagem publicada nas redes sociais.