Codevasf, estatal favorita do centrão, não escapou do déficit orçamentário, diz equipe de transição
Pelo menos 26 ações estruturais tocadas pela estatal não teriam verbas necessárias para serem executadas
O déficit no Orçamento da União não poupou nem a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), conhecida como "a estatal do Centrão". A conclusão é do grupo temático de Desenvolvimento Regional da equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
De acordo com informações do site de notícias Metrópole, o deputado distrital Leandro Grass (PV-DF), que integra o grupo temático, afirmou que foram identificadas pelo menos 26 ações estruturais tocadas pela estatal que não teriam o dinheiro necessário para serem executadas a partir de 2023.
As emendas parlamentares respondem pela maior parte do orçamento da Codevasf, principalmente as emendas de relator, a base do orçamento secreto. Essas emendas, no entanto, são utilizadas apenas em projetos menores, como compra de tratores.
Nas emendas, quem decide o destino das verbas são os deputados federais e senadores, que priorizam prefeituras aliadas. Os recursos, nesse caso, não necessariamente são encaminhados às obras consideradas essenciais pela transição de governo.
O órgão ficou marcado por escândalos de corrupção e por dar vazão ao orçamento secreto na gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL), por isso ficou conhecida como “estatal do Centrão”.
A empresa pública, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Regional, é responsável, originalmente, por desenvolver a agricultura irrigada, a economia sustentável e a segurança hídrica nas bacias hidrográficas dos rios São Francisco e Parnaíba.
O papel da Codevasf, no entanto, cresceu para além da lista de atribuições. Com emendas, parlamentares controlam a compra e a distribuição de maquinário e pavimentação de estradas nas bases eleitorais, por exemplo.
O relatório final do grupo temático de Desenvolvimento Regional deverá recomendar a necessidade de recomposição orçamentária para que as obras da Codevasf consideradas prioritárias sejam atendidas. O entrave, no entanto, é que a solução depende das negociações políticas com o Centrão.