EUA inclui Cuba e Nicarágua na lista de violações à liberdade religiosa
Adição à lista pode possibilitar possíveis sanções aos países
Os Estados Unidos adicionaram, nesta sexta-feira (2), Cuba, Nicarágua e o grupo mercenário russo Wagner a uma lista de entidades que não respeitam a liberdade religiosa, abrindo caminho para possíveis sanções.
Ambos os países e o grupo russo, supostamente próximo do Kremlin, juntam-se assim a Estados como a China, a Arábia Saudita e o Irã nesta lista, "por terem cometido ou tolerado violações especialmente graves da liberdade religiosa", afirmou o secretário de Estado, Antony Blinken, em comunicado.
As violações da liberdade religiosa "semeiam divisão, minam a segurança econômica e ameaçam a estabilidade política e a paz", disse Blinken.
Cuba e Nicarágua foram incorporadas à lista como "países de particular preocupação", o que significa que as duas nações, já objeto de sanções dos Estados Unidos, podem enfrentar medidas adicionais.
Bliken manteve nesse rol todos os países de especial preocupação desde 2021: China, Eritreia, Irã, Mianmar, Coreia do Norte, Paquistão, Rússia, Arábia Saudita, Tadjiquistão e Turquemenistão.
O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, já tomou medidas drásticas conta a Igreja Católica desde que a acusou de apoiar os protestos de 2018 contra seu governo, que foram duramente reprimidos, resultando em mais de 30 mortes e milhares de exilados.
Prisões e assédio
Um bispo crítico do governo Ortega, Rolando Álvarez, foi posto em prisão domiciliar em agosto junto com outros sacerdotes e seminaristas presos por acusações não especificadas. Após o papa Francisco pedir diálogo em setembro, Ortega chamou a Igreja Católica de "ditadura".
A designação de Cuba é a mais recente pressão sobre o governo da ilha comunista por parte do governo de Joe Biden, que tem em grande medida evitado a política do presidente democrata anterior, Barack Obama, de buscar uma aproximação de Washington com Havana.
Em seu último relatório anual sobre liberdade religiosa, o Departamento de Estado indicou um crescente assédio aos cristãos em Cuba, com a violência e as detenções de figuras religiosas por seus supostos papéis nas inéditas manifestações opositoras de 2021.
Índia fora, Vietnã sob vigilância
Conforme esperado, Blinken não tomou nenhuma atitude contra a Índia, vista pelos Estados Unidos como um aliado-chave.
Essa decisão ignora uma recomendação da Comissão Autônoma dos EUA sobre Liberdade Religiosa Internacional, segundo a qual o tratamento das minorias estava piorando "significativamente" sob o governo nacionalista hindu do primeiro-ministro Narendra Modi.
A Índia já havia manifestado mal-estar com o relatório anual, que documentava comentários incendiários de autoridades indianas e relatos de discriminação contra muçulmanos e cristãos.
Segundo o comunicado, o grupo Wagner foi incluído na lista por sua participação em abusos na República Centro-Africana, onde cristãos e muçulmanos se enfrentam em uma sangrenta guerra civil de quase uma década.
Os EUA estão considerando incluir em sua relação de organizações terroristas o grupo Wagner, que também esteve envolvido no Mali e foi acusado de violações dos direitos humanos em Líbia, Síria e Ucrânia.
Blinken também acrescentou a República Centro-Africana e o Vietnã a uma lista de vigilância, o que significa que serão classificados como "países de particular preocupação" sem avanços, junto com Argélia e Comores, que estão nessa lista desde 2021.
Ativistas de direitos humanos pressionam há muito tempo os Estados Unidos para que incluam em sua lista de desrespeito à liberdade religiosa o Vietnã, devido à forma como o governo comunista trata os budistas e outros grupos religiosos. Porém, sucessivos governos americanos vêm construindo laços com este outrora adversário de Washington.