Saúde

Seis crianças morrem no Reino Unido pela bactéria Streptococcus A; saiba os sintomas

Região registra 257% mais casos da doença que o esperado, alerta agência de saúde; infecção geralmente provoca quadros leves

Criança - Reprodução / TV Brasil

A Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido (UKHSA) fez um alerta sobre a morte de seis crianças devido à infecção pela bactéria Streptococcus do Grupo A (GAS). Segundo a autoridade sanitária, a região vive um contágio maior que o comum nesta época do ano. Da metade de setembro até meados de novembro, foram 4.622 notificações da doença, enquanto nos últimos cinco anos a média foi de 1.294 registros para o mesmo período – um aumento de 257%.

Em apenas uma semana, a que terminou no dia 19 de novembro, foram 851 casos, diz a agência. Na faixa etária de 1 a 4 anos, são em média 2,3 registros a cada 100 mil crianças, incidência mais de quatro vezes maior que os 0,5 registrados em tempos pré-pandemia. Entre as de 5 a 9 anos, a proporção é de 1,1 casos a cada 100 mil pessoas, também maior que a média de 0,3 durante o período anterior.

Até agora, foram seis óbitos registrados, cinco em crianças com menos de 10 anos, no período de até 7 dias após o diagnóstico da infecção. Durante a última temporada em que o Reino Unido viveu uma alta de casos da bactéria, entre 2017 e 2018, foram quatro mortes em crianças na mesma faixa etária.

“Estamos vendo um número maior de casos de Streptococcus A este ano do que o normal. A bactéria geralmente causa uma infecção leve produzindo dores de garganta ou escarlatina (nome comum dado à doença) que podem ser facilmente tratadas com antibióticos. Em circunstâncias muito raras, essa bactéria pode entrar na corrente sanguínea e causar doenças graves”, diz Colin Brown, diretor-adjunto da UKHSA, em comunicado.

Em relação às causas para o aumento, a agência diz apenas que "atualmente, não há evidências de que uma nova cepa esteja circulando”, e aponta que o maior número de casos “provavelmente está relacionado a grandes quantidades de bactérias circulantes e mistura social”.

Em 2011, o Brasil também viveu um surto de formas graves da doença, em Brasília, quando foram quatro mortes registradas pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal.

O que é a doença e quais os sintomas

A Streptococcus do Grupo A (GAS) é uma bactéria que pode provocar diferentes quadros infecciosos a depender da região afetada. Normalmente, é encontrada na garganta, onde causa inflamação na faringe (faringite) ou na pele, onde é responsável por uma infecção cutânea. Ela pode ser a causa, por exemplo, da erisipela, doença de pele diagnosticada recentemente no presidente Jair Bolsonaro.

Muitas vezes, a doença causada pela bactéria recebe popularmente o nome de escarlatina. A transmissão do microrganismo ocorre de pessoa para pessoa, por meio de saliva, contato físico direto com feridas ou lesões na pele, tosse, espirro e outros meios respiratórios. A infecção é mais comum em crianças pequenas e provoca um quadro leve na grande maioria dos casos, com muitas pessoas carregando a bactéria sem saber.

Ainda assim, em alguns casos, podem provocar uma versão grave da doença conhecida como infecção invasiva por Streptococcus do grupo A (IGAS), relacionada à entrada do microrganismo na corrente sanguínea. Porém, o diretor da UKHSA ressalta que não é motivo para pânico.

"Isso ainda é incomum; no entanto, é importante que os pais estejam atentos aos sintomas e consultem um médico o mais rápido possível para que seu filho possa ser tratado e possamos impedir que a infecção se torne grave. Certifique-se de conversar com um profissional de saúde se seu filho estiver apresentando sinais de deterioração após um surto de escarlatina, dor de garganta ou infecção respiratória”, orienta Brown aos moradores do Reino Unido.

Segundo a UKHSA, os sintomas incluem dor de garganta, dor de cabeça e febre, juntamente com uma erupção cutânea fina, rosada ou vermelha com uma sensação de lixa. “Na pele mais escura, a erupção pode ser mais difícil de detectar visualmente, mas terá essa sensação de lixa”, complementa a agência.

O tratamento é feito com antibióticos e, o quanto antes o diagnóstico for feito para que a medicação seja iniciada, menores são as chances de que o quadro se desenvolva para uma infecção grave.