Tecnologia

GoPro quer ir além do esporte e planeja novos produtos e serviços na nuvem

Marca conta tem 12 milhões de usuários ativos no mundo no disputado mercado de câmeras

Go Pro Hero 11 - Divulgação

No disputado mercado das câmeras fotográficas e smartphones cada vez mais potentes, a GoPro quer agora ir além do esporte. Com 12 milhões de usuários ativos em todo o planeta, a fabricante americana que é conhecida por suas câmeras usadas, principalmente, por atletas e amantes da natureza, investe em mudanças na sua estratégia para atrair novos consumidores. Na mira estão criadores de conteúdo para internet dos mais variados setores e produtos com diferentes faixas de preços.

O pontapé inicial foi o recém-lançado Hero 11, a nova câmera da companhia, que conta com maior duração de bateria e lentes com inteligência artificial, resolução de imagem que chega a 27 megapixels e estabilização de gravação em 5,3K. A nova linha veio com três opções: a versão mini, a regular e uma linha específica para vloggers.

Para Pablo Lema, vice-presidente mundial de Produto da GoPro, há alguns anos as gravações eram em sua maioria feita por praticantes de esportes como surfe e ciclismo. A ideia, agora, no entanto, é ter produtos que se aproximem do dia a dia dos usuários nas mais diferentes ocasiões. Por isso, a mudança virá acompanhada, explicou ele, do desenvolvimento de novos produtos.

- Uma das tendências é ter câmeras para diferentes mercados e segmentos. A estratégia da GoPro é ser usada onde o uso de celular não é uma boa opção, como momentos de ação - adianta Lema.

Segundo o consultor de tecnologia Leonardo Palmeira, os segmentos de máquinas fotográficas e smartphones estão cada vez mais competitivos, com o avanço de gigantes como Apple, Samsung e Xiaomi ganhando terreno no setor de fotos e vídeos profissionais, dominado por Sony e Nikon.

-A imagem profissional virou a grande aposta das empresas. É por isso que temos visto uma disputa cada vez mais intensa entre as companhias, agregando mais resolução de imagem e inteligência artificial para atrair novos públicos - explica Palmeira.

Lema, da GoPro, destaca que o objetivo da marca é entregar uma experiência ao usuário que "não tempo para ser um fotógrafo". Uma das novidades, destacou ele, foi a opção de gravação que permite captar o movimento das estrelas à noite e das luzes dos carros nas ruas através de recursos específicos dentro das câmeras.

- Por isso, estamos colocando mais inteligência na câmera. Criamos um tamanho específico de gravação em 8:7 (que permite editar a imagem tanto na posição vertical e horizontal), dando maior versatilidade - disse Lema, destacando recursos de estabilidade e maior resolução de imagem.

A marca ainda desenvolveu um sensor maior para a nova linha 11, que é capaz de captar mais de 1 bilhão de cores em vídeos e a resolução chega a 5,3k, que permite até 90% mais pixels que o 4k na hora das gravações.

Serviço de assinatura
Além disso, a companhia vem apostando ainda no desenvolvimento do seu serviço de assinatura, chamado de Quik GoPro, que envia as imagens capturadas diretamente da câmera para o aplicativo no smartphone do usuário.

- Com o plano de assinatura na nuvem (cloud), estamos começando a modelar mais serviços para o usuário, destacando momentos interessantes capturados pela câmera através de um sistema de identificação e sugerindo compartilhamento nas redes sociais como o WhatsApp. Essa identificação é só o começo disso - detalhou Lema, lembrando que ainda é possível editar as imagens e vídeo dentro do aplicativo e gerar transmissão ao vivo por meio de links privados.

Assim, com 12 milhões de usuários ativos, a GoPro já conta com 2,1 milhões de assinantes de seu serviço na nuvem, gerando uma receita adicional para a companhia. No balanço do terceiro trimestre deste ano, a GoPro revelou que o faturamento com essa área aumentou 48%, para US$ 21 milhões.

Projeções de analistas destacam que a receita da GoPro deverá crescer 1,3% ao ano em média durante os próximos 3 anos. O consultor de tecnologia Roberto Soares, professor de ciências computacionais da Uerj, diz que marcas como a GoPro estão buscando se reinventar em meio à concorrência com os smartphones.

- A ideia da empresa é oferecer mais engenharia de software para oferecer mais opções de serviços aos clientes. Por isso, a empresa vem ainda ampliando o portfólio com câmeras variadas e preços distintos para atrair mais consumidores até por conta da inflação e crise global - disse Roberto.