Peru

Presidente colombiano diz que Castillo 'deixou-se levar ao suicídio político' no Peru

O Congresso do Peru destituiu Castillo na quarta-feira

Presidente colombiano Gustavo Petro em discurso na Assembleia Geral da ONU - Michael M. Santiago / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP

O presidente da Colômbia, o esquerdista Gustavo Petro, assegurou, nesta quinta-feira (8), que Pedro Castillo "foi encurralado" desde o começo de seu governo no Peru e permitiu que fosse levado ao "suicídio político", mas "se equivocou" ao tentar dissolver o Congresso.

"Pedro Castillo, por ser professor da Serra e presidente de eleição popular, foi encurralado desde o primeiro dia. Não conseguiu mobilizar o povo que o elegeu e deixou-se levar ao suicídio político e democrático", escreveu Petro no Twitter, enquanto o presidente peruano destituído permanece preso acusado de tentar um autogolpe de Estado.

"Sem dúvida, Pedro Castillo se equivocou ao tentar usar o artigo da Constituição peruana que permite dissolver o Congresso, que já havia decidido destitui-lo sem respeitar a vontade popular. A antidemocracia não se combate com antidemocracia", opinou Petro em um longo 'thread' publicado na rede social.

O Congresso do Peru destituiu Castillo na quarta-feira por "incapacidade moral", depois de ignorar a decisão do dirigente esquerdista de dissolver o Poder Legislativo e reorganizar o sistema de Justiça.

A vice-presidente Dina Boluarte, que denunciou Castillo por tentativa de "golpe de Estado", assumiu o poder em seu lugar.

Nesta quinta, Castillo comparecerá a uma audiência judicial, acusado de rebelião e conspiração, na qual será apreciado um pedido do Ministério Público para mantê-lo sob custódia durante sete dias.

"Não é com julgamentos sem crimes, ou com golpes parlamentares, que o progressismo [...] construirá um caminho pacífico, sólido e democrático para a América Latina", afirmou Petro, o primeiro presidente de esquerda na história da Colômbia.

Castillo, um professor rural de 53 anos, durou apenas um ano e meio no poder no Peru, que vivencia uma crise política sem fim.

Desde que assumiu, em julho de 2021, Castillo viveu sob assédio do Congresso e do Ministério Público, que o acusa de dirigir uma suposta "organização criminosa" que concede contratos públicos em troca de propina.

Em sua mensagem de solidariedade muito comedida com Castillo, Petro lembrou o primeiro encontro conturbado que mantiveram.

"Quando conheci Pedro Castillo, tentavam fazer buscas no Palácio de Governo para deter sua esposa e sua filha. Preocupado, ele me recebeu. Um golpe parlamentar já estava em curso contra ele. Surpreendeu-me que continuassem trancados no Palácio, isolados das pessoas que os elegeram", comentou Petro no Twitter.