Banqueiros de Elon Musk consideram trocar dívida do Twitter por empréstimo que usa ações da Tesla
A manobra ajudaria a empresa a economizar bilhões de dólares pagos em juros anualmente
Os banqueiros de Elon Musk estão considerando substituir parte da dívida de juros altos do Twitter por novos empréstimos de margem garantidos por ações da Tesla, os quais ele seria pessoalmente responsável por pagar.
Os empréstimos de margem são uma das várias opções que o grupo bancário liderado pelo Morgan Stanley e os consultores de Musk discutiram para aliviar o fardo da dívida de US$ 13 bilhões que Musk usou para comprar a empresa de mídia social em outubro, segundo fontes da Bloomberg.
Embora muitos detalhes permaneçam em aberto, incluindo como os termos da troca de uma dívida para a outra funcionariam e quão avançadas estão as negociações, o simples fato de que os dois lados estarem discutindo tal opção ressalta o quão ruim o acordo foi para todos.
Os bancos não conseguiram encontrar compradores para a dívida do Twitter e estão enfrentando a perspectiva de realizar grandes perdas. Musk, por sua vez, está sob crescente pressão para recuperar as finanças de uma empresa que já estava passando por dificuldades quando ele e seus sócios a compraram.
Até agora, as discussões de financiamento se concentraram em como substituir US$ 3 bilhões em dívidas não garantidas sobre as quais o Twitter paga uma taxa de juros de 11,75%, o máximo que os bancos haviam garantido a Musk quando concordaram em financiar a aquisição em abril. Estima-se que a empresa enfrente custos de juros anuais de cerca de US$ 1,2 bilhão, com base na estrutura de dívida atual, mais do que os ganhos do Twitter para todo o ano de 2021. Não está claro, porém, qual seria a taxa do empréstimo de margem.
De olho no Twitter, longe da Tesla
Enquanto o bilionário se preocupa com seu novo negócio, o Twitter, a Tesla acumula problemas. As ações da fabricante de carros elétricos, que já perderam mais de US$ 500 bilhões em valor de mercado este ano, agora estão sob pressão renovada à medida que os consultores de Musk discutem usar as ações como garantia para novos empréstimos para substituir a dívida da empresa de rede social.
Com as revelações dos últimos dias, os acionistas já preocupados com as prioridades de Musk desde que ele assumiu o comando de mais uma empresa.
“O conselho da Tesla está ausente”, tuitou Leo KoGuan, um dos maiores acionistas individuais da Tesla, na quarta-feira, ao sugerir uma recompra de ações. Ele e outro investidor franco da Tesla, Ross Gerber, estão pedindo que o conselho adicione um diretor que representaria os acionistas de varejo.
O próprio Musk disse que tem “muito trabalho” e está lidando com isso dormindo às vezes no escritório. Mas se no passado ele dormia nas instalações da Tesla, ultimamente ele tem hibernado na sede do Twitter, em San Francisco.
“Continuo a supervisionar a Tesla e a SpaceX, mas as equipes são tão boas que geralmente pouco é necessário de mim”, tuitou Musk na quinta-feira. “A equipe Tesla se saiu incrivelmente bem, apesar dos tempos extremamente difíceis”, disse ele no início do dia, citando a crise energética europeia, a desaceleração imobiliária na China e as taxas de juros dos EUA como desafios macroeconômicos.
A fábrica da Tesla em Austin, Texas, está crescendo mais lentamente do que o esperado, com uma nova forma de células de bateria de íon-lítio ainda não pronta para produção em volume. Diante desse cenário, a empresa convocou Tom Zhu, um importante executivo na China que supervisionou a construção da fábrica de Xangai, para supervisionar as operações em Austin, informou a Bloomberg na quarta-feira.
Em Xangai, a Tesla está encurtando os turnos de produção e atrasando as datas de início de alguns funcionários recém-contratados, os últimos sinais de que a demanda por Tesla EVs na China não está atendendo às expectativas. Isso ocorreu depois que a Bloomberg informou no início desta semana que a Tesla planejava cortar a produção nas linhas de produção do Modelo Y e do Modelo 3 em Xangai em cerca de 20%.