Futuro governo

Haddad, José Múcio, Rui Costa, Dino e Mauro Vieira: quem são os ministros anunciados por Lula

Presidente eleito prometeu anunciar novos nomes na próxima semana

Luiz Inácio Lula da Silva - Evaristo Sa/AFP

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, anunciou, nesta sexta-feira (9), os nomes dos primeiros ministros de seu governo. O petista confirmou o nome do ex-ministro Fernando Haddad (PT) para o comando do Ministério da Fazenda, do governador da Bahia Rui Costa (PT) para a Casa Civil; o senador eleito Flávio Dino (PSB) ficará na Justiça e Segurança Pública; e José Múcio Monteiro, que não tem filiação partidária, na Defesa. O ex-chanceler no governo Dilma Mauro Vieira foi chefiará o Itamaraty.

Lula decidiu antecipar o anúncio da primeira leva de ministros. Na semana passada, o presidente eleito afirmou que só revelaria o nome dos primeiros auxiliares após a cerimônia de diplomação, marcada para segunda-feira.

Saiba mais sobre os escolhidos:



Fernando Haddad - Fazenda

“O mais tucano dos petistas.” É assim que Fernando Haddad foi chamado durante muito tempo nas fileiras do próprio partido, à medida em que a atuação do advogado, professor de ciência política, mestre em Economia e doutor em Filosofia ganhava protagonismo. A forma pela qual ele fala sobre questões nacionais e o perfil intelectualizado fez de Haddad, segundo lideranças do PT, um nome com potencial de ampliar o arco de apoio da legenda — como a classe média paulistana.

Derrotado nas eleições presidenciais de 2018 e neste ano para o governo paulista, a trajetória política de Haddad é marcada também por uma longa passagem pelo Ministério da Educação, entre 2005 e 2012, durante os governos de Lula e Dilma Rousseff, e pela prefeitura de São Paulo (2013-2017).

O paulistano nasceu no dia do aniversário da cidade, em 25 de janeiro de 1963. Seu pai emigrou do Líbano em 1947 e se estabeleceu no novo país como comerciante atacadista do setor têxtil.

Em 1981, aos 18 anos, ingressou na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, na Universidade de São Paulo (USP). Em 1988, aos 25 anos, casou-se com a dentista paulistana Ana Estela Haddad.



José Múcio Monteiro - Defesa
José Múcio Monteiro é considerado alguém capaz de trafegar com facilidade em temas espinhosos, transita entre petistas, bolsonaristas e militares. Com experiência de uma vida dedicada à política, tem boa interlocução com partidos e conhece bem a máquina administrativa federal.

Ex-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Múcio assumiu seu primeiro cargo público em 1975, quando se tornou vice-prefeito de Rio Formoso (PE). Na época, era filiado à Arena.

Pernambucano como Lula, Múcio se tornou um dos parlamentares mais próximos ao então presidente da República. O estilo moderado e conciliador o credenciou para ocupar o posto de líder do governo na Câmara em 2007 e, na sequência, a assumir o cargo de ministro das Relações Institucionais, responsável por fazer a interlocução com o Congresso.



Rui Costa - Casa Civil

O atual governador da Bahia é considerado um “tocador de obra” e fechará o segundo mandato com 85% da aprovação da população. Com estilo centralizador, tem como característica ser rígido com prazos, resultados e sempre busca saber detalhes dos projetos tocados pelos secretários, perfil que o fez ser conhecido como “Rui Correria” pelos subordinados. Segundo petistas, são características que o credenciam para o cargo.

Mais conhecido pelo perfil de gestor do que pela habilidade política, Costa tem como padrinho político o senador Jaques Wagner (PT-BA), um dos parlamentares mais próximos de Lula. Costa foi secretário de Wagner em duas ocasiões.

Nascido em Salvador, o economista é filiado ao PT desde 1982, foi eleito vereador em 2004. No primeiro governo de Jaques Wagner na Bahia, assumiu a Secretaria de Relações Institucionais em 2007.

Foi eleito deputado federal da Bahia em 2010. Dois anos depois, licenciou-se para assumir o comando da Casa Civil no segundo mandato de Wagner. O cargo o cacifou para disputar o governo do Estado em 2014. Quatro anos depois, foi reeleito em primeiro turno com 76% dos votos.



Flávio Dino - Justiça e Segurança Pública

Senador eleito em outubro, Dino, de 64 anos, já constava como o favorito para assumir a pasta da Justiça e Segurança Pública. Ex-governador do Maranhão, ele está na coordenação do grupo técnico que discute temas relacionados à área na equipe de transição. Uma das principais medidas anunciadas como prioritária será a revogação de decretos de Jair Bolsonaro que flexibilizaram a compra e a posse de armas no país.

Filiado ao PT em 1987, Dino iniciou a carreira política no movimento estudantil maranhense. Aos 26, se tornou juiz federal do Maranhão e Distrito Federal e chegou a presidir a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe). Mais tarde, foi professor de Direito da Universidade de Brasília (UnB). Em 2005, atuou como secretário-geral do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). No ano seguinte, se filiou ao PCdoB, partido no qual permaneceu por 15 anos, até migrar para o PSB no ano passado.

No mesmo ano em que se filiou ao PCdoB, Dino se elegeu para uma vaga na Câmara dos Deputados. Com dois anos de mandato, disputou o cargo de prefeito de São Luís nas eleições municipais de 2008, sem sucesso.

Em 2011, durante o governo de Dilma Rousseff, assumiu a presidência da Embratur, com a promessa de aumentar o fluxo de turistas estrangeiros no Brasil, diante de eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas de 2016. Em 2014, contudo, deixou o cargo para concorrer ao governo do Maranhão. Foi eleito com mais de 60% dos votos, vencendo o adversário do PMDB, Lobão Filho. Sua gestão foi marcada por ações na Educação do estado, com investimentos na reforma de escolas e em medidas contra o analfabetismo.

Dino foi reeleito governador em 2018, ao disputar a vaga com Roseana Sarney, filha de José Sarney, poderoso cacique do estado. Dino foi um dos principais políticos que fizeram oposição à família Sarney no Maranhão. Ele chegou a ser citado na delação de um empreiteiro da Odebrecht durante a Lava Jato. Em 2017, José Carvalho Filho disse que Dino teria pedido R$ 400 mil para defender pautas de interesse da construtora no Congresso, enquanto era deputado. Pai de três filhos e autor de diversos livros sobre Direito, deixará a vaga no Senado para sua primeira suplente, Ana Paula Lobato (PDT), vice-prefeita do município de Pinheiro.



Mauro Vieira - Relações Exteriores
Ex-embaixador em Washington, Vieira é diplomata de carreira e formado em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Tendo ocupado alguns dos principais postos no exterior, como a embaixada na Argentina, em Washington e a representação do Brasil nas Nações Unidas, em Nova York, Vieira é um dos mais experientes diplomatas em atuação.

Atualmente, ele é embaixador na Croácia, considerado um posto de menor importância — mesmo destino de diversos diplomatas que ocuparam cargos de destaque nas administrações petistas. Vieria foi ministro das Relações Internacionais durante o segundo mandato de Dilma Rousseff, entre janeiro de 2014 e maio de 2016, quando ela sofreu impeachment.