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Órgão antitruste dos EUA quer barrar compra da Activision pela Microsoft. Em jogo, o futuro do Xbox

O órgão antitruste americano aprovou por 3 votos a 1 a abertura do processo

Microsoft - Josep Lago / AFP

A Federal Trade Commission (FTC), órgão antitruste dos Estados Unidos, vai entrar com um processo para bloquear a compra da fabricante de videogames Activision Blizzard pela Microsoft, devido a preocupações de que o acordo prejudicaria substancialmente seus concorrentes em consoles de jogos e negócios de jogos em nuvem.

O órgão antitruste americano aprovou por 3 votos a 1 a abertura do processo. Este é mais um obstáculo para a transação, que também está sendo analisada pela Autoridade de Mercados e Concorrência do Reino Unido e pela Comissão Europeia.

A junção com a Activision - que possui algumas das franquias mais populares, incluindo Call of Duty, World of Warcraft e Guitar Hero - seria a maior aquisição da Microsoft e a tornaria a terceira maior empresa de jogos em termos de receita, atrás da chinesa Tencent e da japonesa Sony.

O negócio envolve cerca de US$ 70 bilhões. Com a notícia, as ações da Activison caíram quase 4% antes de recuperar parte das perdas, enquanto as ações da Microsoft não foram afetadas.

Em nota, a diretora do Departamento de Concorrência da FTC, Holly Vedova, afirmou que, com a ação, o órgão busca impedir que a Microsoft ''obtenha controle sobre um importante estúdio de jogos independente e o use para prejudicar a concorrência em vários mercados de jogos dinâmicos e de rápido crescimento".

No comunicado à imprensa, a FTC destacou que a Activision é um dos poucos desenvolvedores de videogames que produzem os melhores videogames, incluindo Call of Duty e World of Warcraft, para vários dispositivos, como computadores, consoles e telefones celulares. O órgão antitruste alega que o acordo com a Microsoft mudaria isso.

Em seu comunicado, a FTC acrescenta:

“Com o controle sobre as franquias de grande sucesso da Activision, a Microsoft teria os meios e motivos para prejudicar a concorrência, manipulando os preços da Activision, degradando a qualidade do jogo da Activision ou a experiência do jogador em consoles e serviços de rivais, alterando os termos e o tempo de acesso ao conteúdo da Activision ou retendo conteúdo inteiramente de concorrentes, resultando em danos aos consumidores”.

A Microsoft, no entanto, afirma que Call of Duty, o jogo de grande sucesso que arrecadou US$ 30 bilhões em vendas para a Activision, continuará disponível nos consoles de jogos de outras empresas após a efetivação do negócio, em vez de se tornar disponível exclusivamente por meio do Xbox.

De acordo com o jornal britânico Financial Times, na última quarta-feira, a Microsoft assinou um contrato de dez anos para levar Call of Duty para as plataformas da Nintendo pela primeira vez em quase uma década.

Procurada pelo FT, a não respondeu imediatamente aos pedidos de comentários.

O jornal aponta que a ação é um dos maiores testes a ser encarado pela presidente da FTC, Lina Khan, que prometeu reprimir o poder de mercado das grandes empresas de tecnologia. Ela é uma das autoridades antitruste progressistas nomeadas pelo presidente Joe Biden em uma tentativa de combater a conduta anticompetitiva nas empresas americanas.

Em dezembro do ano passado, a FTC se opôs a outra grande parceria entre empresas de tecnologia: a compra da Arm, designer de chips, pela Nvidia, que seria a maior fusão de fabricantes de chips semicondutores da história.

Na ocasião, lembra o FT, a comissão disse que seu processo para bloquear o acordo enviaria um “forte sinal” de que iria “agir agressivamente” em aquisições que poderiam sufocar futuras inovações. Posteriormente, as empresas acabaram não fechando o negócio.