Cápsula Orion está perto de estabelecer recorde para uma viagem espacial
O pouso está marcado para 17h39 (14h39 de Brasília) deste domingo (11)
Depois de passar perto da Lua e se aventurar mais longe no espaço do que qualquer espaçonave habitável anterior, a cápsula Orion, da Nasa, cairá no Pacífico, neste domingo (11), na etapa final de sua arriscada missão Artemis 1.
A cápsula entrará na atmosfera terrestre a uma velocidade de 40 mil km/h, e terá que suportar um calor de 2.800°C, a metade da temperatura da superfície do Sol. O pouso está marcado para 17h39 (14h39 de Brasília).
O sucesso desta missão, que durará pouco mais de 25 dias no total, é crucial para a Nasa, que investiu dezenas de bilhões de dólares no programa Artemis de retorno à Lua, que visa preparar uma futura viagem a Marte.
O primeiro voo de teste desta espaçonave, sem astronautas a bordo, tem sido um sucesso. Mas o verdadeiro desafio estará nos minutos finais, quando a missão deverá cumprir seu principal objetivo: Artemis 1, o maior já construído (5 m de diâmetro).
"É uma peça crítica de segurança, projetada para proteger a espaçonave e seus passageiros", explicou Mike Sarafin, responsável pela missão Artemis 1. "O escudo térmico precisa funcionar".
Um primeiro teste foi realizado em 2014, mas a cápsula não saiu da órbita da Terra e, portanto, entrou na atmosfera mais lentamente, a cerca de 32.000 km/h.
Helicópteros, navios e botes
Um navio da Marinha americana, o USS Portland, posicionou-se no Pacífico para recuperar a cápsula Orion, em um movimento que a Nasa ensaia há anos.
Helicópteros e botes infláveis também serão utilizados.
A espaçonave será desacelerada primeiro pela atmosfera da Terra e depois por 11 paraquedas, atingindo uma velocidade de cerca de 30 km/h quando finalmente colidir com as águas do Pacífico.
A Nasa deixará Orion flutuar por duas horas, muito mais tempo do que deixaria se estivesse com astronautas a bordo, para coletar dados.
"Vamos ver como o calor é absorvido pela cápsula e como isso afeta a temperatura interior", explicou Jim Geffre, chefe da Orion na Nasa.
Mergulhadores então conectarão cabos à Orion para colocá-la no USS Portland, um navio de transporte anfíbio cuja traseira ficará parcialmente submersa.
A água será bombeada para fora, permitindo que a cápsula seja lentamente ajeitada em uma plataforma. A operação deve durar entre quatro e seis horas a partir do momento de amerrissagem.
O USS Portland seguirá para San Diego, na Califórnia, onde a cápsula será descarregada dias depois.
Quando a missão estiver concluída, a espaçonave terá viajado mais de 2,2 milhões de quilômetros no espaço desde a decolagem, em 16 de novembro, durante o voo inaugural do novo megafoguete da Nasa, o SLS.
Orion passou a apenas cerca de 130 quilômetros da superfície da Lua e se aventurou a mais de 430.000 km da Terra.
Artemis 2 e 3
Recuperar a cápsula permitirá à Nasa coletar dados cruciais para futuras missões.
Fornecerá informações sobre o estado da espaçonave após o voo, mas também sobre as acelerações e vibrações sofridas a bordo e sobre o desempenho de um colete que um boneco usa dentro da cápsula para testar a proteção que um humano teria contra a radiação durante a viagem espacial.
Espera-se que alguns componentes da cápsula sejam reutilizados na missão Artemis 2, que já está em estágios avançados de planejamento.
Esta segunda missão, prevista para 2024, levará uma tripulação à Lua, embora sem pouso.
A Nasa deve anunciar os nomes dos astronautas escolhidos muito em breve.
Artemis 3, prevista oficialmente para 2025, vai pousar uma espaçonave no polo sul da Lua pela primeira vez, onde há água em forma de gelo.
Apenas doze homens, todos brancos, pisaram na superfície lunar nas missões Apollo, a última em 1972, há 50 anos.
O programa Artemis planeja enviar uma mulher e uma pessoa não branca à Lua pela primeira vez.
O objetivo é estabelecer uma presença permanente na Lua, com uma base em sua superfície e uma estação espacial em sua órbita.
Aprender a viver na Lua permitiria testar toda a tecnologia necessária para uma viagem de vários anos a Marte, possivelmente no final da década de 2030.