crimes financeiros

"Faraó dos Bitcoins" é transferido para presídio de segurança máxima

O ex-garçom e ex-pastor Glaidson Acácio dos Santos, foi para Bangu 1 após nova fase de investigações

Glaidson Acácio dos Santos, o faraó dos bitcoins - Reprodução/Twitter

O ex-garçom e ex-pastor Glaidson Acácio dos Santos, o Faraó dos Bitcoins, foi transferido para a Penitenciária Laércio da Costa Pellegrino, conhecida como Bangu 1, no Complexo Penitenciário de Gericinó, após uma nova denúncia sobre organizar e chefiar uma "tropa" armada para monitorar e até matar concorrentes no mercado das criptomoedas. Ele já passou a noite no local. Antes, Glaidson estava na Penitenciária Joaquim Ferreira dos Santos, também em Gericinó.

A mais recente operação contra o Faraó, a Novo Egito, desencadeada pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio de Janeiro (Gaeco/MP-RJ) na última sexta-feira, revelou que Glaidson destinava parte dos recursos obtidos com o golpe da pirâmide financeira, disfarçada de investimentos em bitcoins, para custear aluguel de carros, compra de armas, pagamento de seguranças e contratação de detetives e pistoleiros para garantir a soberania no mercado de pirâmides na Região dos Lagos.

As investigações demonstraram que seis das empresas de fachada criadas por Glaidson foram utilizadas para garantir o fluxo financeiro entre o negócio do Faraó, liderado pela GAS Consultoria e Tecnologia, e o “setor de inteligência”. O Gaeco também descobriu que outras duas firmas, a Central Pescados e Alimentos Mourão e a Alfabank Consultoria e Investimentos, serviam para o dinheiro chegar aos executores dos crimes.

A quebra do sigilo telefônico do Faraó revelou que ele recorria a esse “setor de inteligência” para emitir a seus subordinados ordens diretas sobre quais concorrentes deveriam ser “zerados/eliminados”. Em mensagens trocadas com um dos seus comparsas, Ricardo Rodrigues Gomes, o Piloto, Glaidson — utilizando o nome “Souza Santos” — pede ajuda para criar “uma equipe de dez cabeças para fazer uma limpeza em Cabo Frio”.

Disposto a eliminar, segundo as investigações, o representante de uma empresa de investimento, Glaidson, em outra troca de mensagens com Piloto, fornece dados sobre o local onde o alvo estaria e pede ao comparsa que “passe” logo a vítima, determinando que seja feito “cerol”. O Faraó ainda disse que “se eles (pistoleiros de Piloto) não podem ou têm medo” de executar o serviço, buscaria outros e que “quer comprar dois fuzis”, mas está sentindo “eles fracos” (sic). O alvo não foi morto.

A operação, deflagrada após o Gaeco denunciar 17 envolvidos no esquema, dos quais 12 com ordem de prisão dada pela 1ª Vara Especializada em Crime Organizado do Tribunal de Justiça do Rio, revelou ainda conexões com a contravenção. Para eliminar um dos concorrentes, em agosto do ano passado, Glaidson chegou a pagar R$ 450 mil para o ex-PM Wagner Dantas Alegre, o mesmo pistoleiro denunciado como o autor dos disparos de fuzil que mataram o contraventor Alcebíades Paes Garcia, o Bid, em fevereiro de 2020.

Alvo central da Operação Krytpos, deflagrada pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público Federal (MPF) em agosto do ano passado, o Faraó foi preso na época por montar uma pirâmide financeira disfarçada de investimento em bitcoins.

Investigações abertas pela Polícia Civil, com base na Operação Kriptos, concluíram que Glaidson foi o mandante da morte de Wesley Pessano e das tentativas de homicídio contra Nilson Alves da Silva e João Vitor Rocha da Silva Guedes, todos concorrentes da GAS. Pessano foi morto em agosto do ano passado, em São Pedro da Aldeia. Comprovantes de transferência bancária obtidos pelo Gaeco mostram que, no dia seguinte, Glaidson, por meio das empresas DSM Soluções e AMS Soluções, enviou para a Central Pescados R$ 1,08 milhão. A defesa de Glaidson não se manifestou.