PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

"Boa tarde, presidente Lula": grito de apoiadores diante da prisão é lembrado na diplomação

Cumprimento era repetido diariamente, várias vezes, diante da carceragem da PFl, onde o petista passou 580 dias

Lula na cerimônia de diplomação - Evaristo Sá/AFP

Instantes depois de ser convocado por Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para a cerimônia de diplomação, nesta segunda-feira, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ingressou no plenário da Corte sob repetidos gritos de "Boa tarde, presidente Lula". A frase, entoada por aliados do petista presentes ao evento, remete ao período em que ele esteve preso no Paraná. Diariamente, apoiadores cumprimentavam Lula, em coro, diante da sede da Polícia Federal (PF) em Curitiba.

O movimento, batizado como "Vigília Lula Livre", dava "bom dia", "boa tarde" e "boa noite" ao petista, que já declarou que, da cela, conseguia ouvir às saudações. O gesto repetiu-se ao longo dos 580 dias em que o presidente eleito e agora diplomado passou na carceragem da PF, entre abril de 2018 e novembro de 2019.

Os apoiadores de Lula chegaram a ficar cerca de sete meses acampados na rua, mas a prefeitura da capital paranaense acabou proibindo a prática. A campanha de apoio, porém, foi mantida, graças a uma articulação que envolveu casas próximas, espaços culturais e até o aluguel de um terreno no local.

Ao discursar, Lula também lembrou o período preso e chegou a chorar:

— Em primeiro lugar quero agradecer ao povo brasileiro pela honra de presidir pela terceira vez o Brasil. Em minha primeira diplomação, em 2002, lembrei ousadia do povo brasileiro em conceder para alguém tantas vezes questionado por não ter diploma universitário, um diploma… (choro) — afirmou, completando: — Esse diploma é do povo que reconquistou o direito de viver em democracia. Vocês ganharam esse diploma.

A entrega do diploma marca o encerramento do período eleitoral e atesta que os candidatos vencedores das urnas no último dia 30 de outubro de fato ganharam as eleições. A diplomação é também a etapa que possibilita que os eleitos tomem posse no próximo dia 1.º de janeiro.

A cerimônia é realizada no plenário do TSE, um auditório com capacidade para 280 lugares onde foram colocadas cadeiras a mais para acomodar todos os convidados. Na plateia, entre autoridades do Judiciário e da política, estarão ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e da nova equipe do governo.

Do lado de fora do TSE foi montado um forte esquema de segurança pela Polícia Federal e pela Polícia Militar do Distrito Federal. Mesmo assim, manifestantes favoráveis ao presidente levaram faixas de boas-vindas e com mensagens de apoio, e se reúnem em frente à sede da Corte.