Uma nação de oportunidades em energia limpa
A abundância de fontes naturais coloca o Brasil na posição de importante produtor de energia verde. Hoje, quase 50% da matriz energética nacional já é renovável, o que representa três vezes a média mundial
Um País com um território extenso e diversas possibilidades e disponibilidades de recursos naturais para energias renováveis. Essa é a definição que podemos dar ao Brasil. Além de contribuir para que o País tenha uma boa matriz energética, o uso de fontes oriundas do sol, vento, água e cana-de-açúcar, podem fazer com que o Brasil se insira em uma posição estratégica, como produtor, consumidor e exportador de produtos necessários e importantes para diversos países.
Prova de que o Brasil já se encontra em uma posição de destaque é que segundo o Ministério de Minas e Energia, as fontes renováveis atingiram uma demanda de participação de quase 50% na matriz energética, o que representa três vezes o percentual mundial.
“A nossa matriz energética é composta pelas fontes hidráulica, biomassa, eólica, solar, gás natural, carvão e seus derivados, sendo a maioria da geração de energia vinda da geração por meio das hidrelétricas. O que é importante ressaltar é que o crescimento na matriz de energia limpa é um dos passos que ajudará o Brasil a honrar o compromisso assumido na Cúpula do Clima, cujo objetivo é antecipar a meta de neutralidade climática de 2060 para 2050”, conta o presidente do Conselho Temático de Meio Ambiente (Contema) da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), Anísio Coelho.
Entre as regiões que se destacam na geração de energia limpa está a Nordeste. Segundo Anísio, a incidência de sol e a qualidade do vento favorecem a energia solar e eólica.
“Esse fator se torna bastante atrativo para os investidores, que enxergam a Região como uma grande opção. O Nordeste detém 88% dos parques eólicos nacionais, também batendo recordes na geração de energia solar, consolidando-se como referência no uso de fontes alternativas. Cabe destacar ainda que a Região Nordeste hoje é exportadora de energia elétrica para outras regiões do País”, disse.
O presidente do Contema destaca que o País tem capacidade para ampliar ainda mais seu destaque no cenário mundial de fontes renováveis. “O Brasil é uma nação próspera para desenvolver oportunidades em energia limpa, com condições privilegiadas para se tornar uma liderança mundial no setor. Impactos positivos significativos ao meio ambiente e as relações socioeconômicas são claras quando há um maior investimento em energias limpas”, destacou Anísio.
Empregos cada vez mais verdes
A qualidade da matriz energética com quase metade da produção de origem renovável é o que favorece a economia verde, que permite alavancar o desenvolvimento do País com empregos mais sustentáveis. Para se ter ideia, hoje o Brasil já responde por 10% de todos os empregos verdes no mundo, ocupando a segunda colocação entre os maiores empregadores da indústria de biocombustíveis, solar, hidrelétrica e eólica.
O País perde apenas para a China, que tem 42% dos 12,7 milhões de postos de trabalho do planeta, segundo dados da Agência Internacional de Energia Renovável (Irena), compilados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A expectativa é de que, até 2030, as energias renováveis criem 38,2 milhões de empregos no mundo.
Entre os setores que mais empregam no segmento está o da energia eólica, principalmente na energia offshore (em alto mar), que tem um potencial de gerar 700 mil MW no País. A cada MW de energia gerada, cerca de 17 postos de trabalho são gerados ao longo de 25 anos de vida útil de um projeto.
Já na eólica convencional, em terra, a cada MW instalado, 11,7 empregos podem ser gerados. Existe a expectativa de que nos próximos dez anos, o setor acrescente no mínimo 3 mil novos MW por ano (em 2022, serão 5 mil MW), de acordo com a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica). A medida assegura que cerca de 35 mil novos postos de trabalho anuais sejam gerados no País.
Força solar
Já no segmento solar, que está em pleno crescimento no Brasil, a geração de empregos em toda cadeia ultrapassou os 170 mil postos em 2021, e pode superar os 200 mil neste ano. O setor conta com 60% das vagas oriundas da instalação dos sistemas, e os 40% restantes da fabricação de componentes, projetos, engenharia, administração, comercial, vendas e marketing.
Mesmo com essas duas principais fontes em ascensão, os biocombustíveis e as hidrelétricas estão entre os maiores empregadores no mercado de energia, de acordo com a Agência Internacional de Energia Renovável. Do total de 1,27 milhão de empregos verdes, 68% vêm da indústria de combustíveis sustentáveis e 14%, das usinas hídricas.
Anísio Coelho aponta que para dar continuidade ao crescimento é preciso continuar com o pensamento de ter a necessidade de contar com novas formas de geração de energia em virtude das mudanças climáticas e a importância da economia de baixo carbono.
“Para a Oferta Interna de Energia Elétrica (OIEE) de 2022, espera-se o aumento de 3%, sendo as fontes de energia renováveis continuando seu crescimento na matriz elétrica brasileira, com destaque para a energia hidráulica, eólica, biomassa e solar. Com esse avanço cada vez maior, a ideia é reduzir a participação dos combustíveis fósseis, como o carvão, petróleo e o gás natural, já que emitem gases do efeito quando são usados para gerar energia”, finalizou o presidente do Contema.