Energias Renováveis

Brasil tem forte potencial na produção de biogás

O País tem capacidade de produzir 120 milhões de metros cúbicos (m³) de biogás por dia, o equivalente a 35% da demanda elétrica atual. Nesse cenário, a cana é uma importante fonte de energia renovável

Biomassa - Alberto Barrionuevo/Pixabay

A jornada de descarbonização tem uma parte de seu processo que passa pelo uso de biomassa ou biogás para a geração de energia, colocando assim a cana-de-açúcar como mais uma alternativa e fonte de energias renováveis. Segundo a Associação Brasileira do Biogás (ABiogás), o Brasil tem um potencial de realizar uma produção diária de 120 milhões de metros cúbicos (m³) de biogás, algo equivalente a 43,8 bilhões de m³ anuais. Essa energia seria capaz de suprir 35% da demanda elétrica atual.

De acordo com o presidente da Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco e da Cooperativa do Agronegócio dos Associados da Associação dos Fornecedores de Cana de Açúcar (Usina Coaf), Alexandre Andrade Lima, hoje a principal vantagem da biomassa é o uso ainda nas próprias usinas.

“Ela deixa a produção da cana-de-açúcar mais sustentável, uma vez que congrega energia para o uso interno, à irrigação do campo e ainda fornece para a rede das concessionárias de energia, a exemplo da Neoenergia em Pernambuco. Essa fonte energética destaca o grande diferencial da cana dentre todas as demais culturas agrícolas, fazendo, consequentemente, com que o setor sucroenergético se torne também um importante produtor de energia elétrica em vez de apenas consumi-la”, disse.

Vantagens da biomassa
Um dos exemplos da utilização da biomassa e de forma compartilhada é na Usina Coaf, uma usina da Cooperativa Agroindustrial da AFCP. De acordo com Andrade Lima, a biomassa é compartilhada nas áreas irrigadas onde a cana é cultivada.

“A usina da Cooperativa Agroindustrial da AFCP, localizada em Timbaúba, é responsável pela produção de açúcar, etanol e de cachaça e congrega, por exemplo, sua própria energia a partir da biomassa da cana. No local também utilizamos a biomassa nas áreas irrigadas dos canaviais das centenas de cooperados. Essa é outra parte dessa produção de energia limpa. Em menor escala, temos ainda o direcionamento voltado para o fornecimento de energia para a concessionária elétrica do estado", disse Andrade Lima.

Alexandre Andrade Lima, presidente da AFCP | Foto: Arthur Mota/Folha de Pernambuco

Somente na Usina Coaf, a produção de biomassa na última safra foi de 238.557 toneladas, enquanto para a safra atual a projeção é de 263.150 toneladas a serem geradas.

O presidente da AFCP destaca ainda a vantagem da biomassa a partir da cana de açúcar, que é mais limpa em comparação com o que é extraído do etanol de milho.

“O etanol de milho, diferente do produzido a partir da cana, precisa se utilizar no seu processo produtivo da queima do eucalipto ou usar o gás natural, ambos combustíveis fósseis. Com a cana é diferente, usamos a própria biomassa para tal produção de energia própria da usina, trazendo mais ganhos e uma contribuição maior”, contou Alexandre.

Alimentação animal
Além do uso como fonte de energia, Alexandre aponta que a biomassa também tem função para a alimentação de bovinos, como o que acontece na Zona da Mata e Agreste de Pernambuco.

“A biomassa também é utilizada na alimentação de bovinos nas regiões da Zona da Mata e do Agreste diante da escassez de pastos e da carência nutricional em função das secas recorrentes. O bagaço da cana hidrolisado é rico em fibras e auxilia na complementação da alimentação dos animais, sendo bastante demandado pelos pecuaristas”, declarou.