Polícia dispersa atos em frente à PF e hotel de Lula; bolsonaristas deixaram rastro de destruição
Manifestantes antidemocráticos chegaram a tentar invadir prédio da Polícia Federal em Brasília após prisão de indígena
Após cerca de três horas de protestos, a Polícia Militar do Distrito Federal conseguiu dispersar atos antidemocráticos que tomaram a capital federal na noite desta segunda-feira.
Grupos atearam fogo em ônibus e carros em frente à sede da Polícia Federal — bolsonaristas chegaram a tentar invadir o prédio — e próximo ao hotel onde está hospedado o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), diplomado no Tribunal Superior Eleitoral horas antes das manifestações.
No início da madrugada, um pequeno grupo de manifestantes permanecia numa espécie de vigília nas imediações da PF, mas já não havia registros de tumultos.
A polícia precisou usar balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes. Os bolsonaristas revidaram atirando paus e pedras em direção aos agentes. Ao menos uma pessoa ficou ferida no confronto, que teve cinco ônibus incendiados e dezenas de carros depredados.
Durante as manifestações, foram fechados os acessos à Esplanada dos Ministérios, à Praça dos Três Poderes e a outras vias da região central de Brasília. A Polícia Militar também reforçou a segurança em torno do hotel de Lula.
O protesto ganhou força após ser detido um indígena que participava de atos antidemocráticos. José Acácio Serere Xavante teve a prisão temporária decretada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) após pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). De acordo com o ministro Alexandre de Moraes, responsável pela ordem, Serere Xavante convocou manifestantes armados a agirem para impedir a diplomação dos candidatos eleitos em outubro.
Após o indígena ser levado pela PF, cerca de 200 apoiadores de Bolsonaro, portando armas de madeira, foram para a frente da instituição para protestar e atiraram paus e pedras contra o prédio. Enquanto a PF tentava afastar o grupo, alguns manifestantes passaram a vandalizar carros estacionados nas redondezas e atacaram um ônibus que passava pela avenida W3, próxima à sede da corporação, com pedradas que chegaram a atingir passageiros.
O futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, condenou os ataques pelas redes sociais. "Inaceitáveis a depredação e a tentativa de invasão do prédio da Polícia Federal em Brasília. Ordens judiciais devem ser cumpridas pela Polícia Federal. Os que se considerarem prejudicados devem oferecer os recursos cabíveis, jamais praticar violência política", afirmou ele. Outras autoridades, como o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, também criticaram os atos.
O atual ministro da Justiça, Anderson Torres, também se manifestou nas redes sociais já depois das 23h. Segundo ele, "desde o início das manifestações em Brasília", a pasta, "por meio da Polícia Federal", manteve "estreito contato" com a Secretaria de Segurança do Distrito Federal e o governo distrital. O objetivo, ainda de acordo com Torres, era "conter a violência" e "restabelecer a ordem". "Tudo será apurado e esclarecido. Situação normalizando no momento", concluiu o ministro.