MINISTÉRIO

Núcleo do PT resiste à governadora Izolda Cela no Ministério da Educação

Grupo se opõe a ligação da governadora com setor privado e aposta em Reginaldo Lopes

Izolda Cela, governadora do Ceará - Vice-governadoria do Ceará/Divulgação

Na contramão das especulações que apontam o nome da governadora do Ceará, Izolda Cela, como o mais cotado para o Ministério da Educação no governo Lula, o Núcleo de Educação e Cultura do PT resiste a indicação da ex-pedetista.

O partido tem o interesse de ocupar a pasta e aposta no deputado federal Reginaldo Lopes, que foi coordenador da campanha do petista em Minas Gerais. A articulação para minar o nome de Izolda é de membros da equipe de transição, incomodados com a proximidade dela com a Fundação Lemann, organização privada que promove iniciativas para a educação pública.

Para a maior parte PT, esse vínculo é malvisto porque a legenda acredita na necessidade de reerguer a educação pública sem a lógica privada. O Núcleo de Educação e Cultura da sigla se posicionou, na última sexta, em mensagem ao diretório nacional. Petistas e aliados argumentam que o MEC não deve estar vinculado “aos setores empresariais da educação pública”.
 

“A atual conjuntura que se consolida com a posse do presidente Lula exige a defesa intransigente da educação pública e popular como pilar do desenvolvimento nacional. Educação que deve ser gratuita, democrática, laica, inclusiva, com gestão pública e de qualidade social e, notadamente, deve ter no reforço do papel do Estado centralidade para garantia deste direito público subjetivo”, diz trecho.

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A deputada federal Rosa Neide (PT-MT) e junto a senadora eleita Teresa Leitão (PT-PE) lideram a corrente petista que defende Lopes. Ao GLOBO, Rosa afirmou que não se trata de uma diferença com Izolda, mas uma predileção por um nome do partido.

— A construção em relação ao nome de Reginaldo é bem antiga na bancada. Ele transita em todas as instâncias da educação, o que levou a bancada a indicá-lo — afirmou Teresa, coordenadora do núcleo.

O deputado federal José Ailton Cirilo (PT-CE) confirmou a unanimidade da bancada em apoiar Lopes para a pasta.

— O PT quer ocupar a pasta por ser uma área em que o partido tem uma posição muito forte, mas respeitaremos a decisão do presidente Lula.

Desfiliada do PDT desde julho, quando não conseguiu se candidatar à reeleição, Izolda contribuiria para a representatividade feminina nos ministérios, mas, por estar sem partido, não entraria nas contas de distribuição de cargos a aliados políticos do governo. A expectativa é de que oito das mais de 35 pastas sejam comandadas por mulheres.

Além de Izolda e Lopes, o ex-Secretário Nacional de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD) Ricardo Henriques aparece na lista de cotados para ocupar a vaga.

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Opositor do governo de Izolda, o deputado federal e vice-presidente da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, Moses Rodrigues (União-CE) defendeu o nome de sua adversária para a pasta. Em entrevista ao GLOBO, o parlamentar relatou que, apesar de estarem em lados opostos ideologicamente, considera a ex-pedetista preparada para o trabalho:

— Ela é uma educadora, tem uma boa formação e fez um bom trabalho em Sobral, reconhecido nacionalmente. Na parte técnica, ela é capacitada e a nomeação dela seria muito boa para o Brasil. Sou opositor político, mas ela é um nome totalmente qualificado para ser ministra da Educação.