Pernambuco

PF é condenado à prisão e perda do cargo por vazar informações de investigação sobre garimpo ilegal

Agente mandou mensagem para membro da quadrilha informando sobre "butada" da corporação em diligências de operação

Extração ilegal de garimpo no Sertão deu origem à operação - Divulgação/Polícia Federal

O escrivão da Polícia Federal (PF) Marcos Henrique Pessanha foi condenado à perda do cargo público e a dois anos e seis meses de prisão por vazar informações sigilosas relativas à investigação de exploração ilegal de minério, no Sertão de Pernambuco, no âmbito da Operação Frígia. 

O agente mandou mensagem de áudio para um membro da quadrilha informando sobre uma "butada" da corporação em diligências de operação em área de garimpo, em julho de 2020, nos municípios pernambucanos de Verdejante e Serrita.

A condenação foi divulgada nesta terça-feira (13) pelo Ministério Público Federal (MPF), que a obteve na Justiça Federal. 

 "Meu irmão, bom dia meu amigo Genival, aqui é Marcos Falcão da Polícia Federal... deixa eu te falar companheiro... tentei entrar em contato com teu pai que é pra alertar ele, eu mandei uma mensagem mas eu resolvi dar uma ligada só pra poder dar uma explanada no assunto... essa área daí do sertão ta muito comentada, entendeu dentro da PF, tô sabendo do pessoal se deslocando inclusive com geólogos, peritos tá, pra fazer levantamento por aí, se teu pai levar uma "butada" meu velho não tem pra onde corre não, é "cana" porque no momento que ficar caracterizado que foi feito retirada, entendeu, de material da região ele vai ter que dar conta disso tudo... olhe vai ser uma dor de cabeça miserável, diz a ele pra ficar esperto com esse negócio e que corra pra poder regularizar esse troço bixo, pra não tá arrumando dor de cabeça sem necessidade, tá? Beleza então, um abraço, tchau!"

O trecho acima está presente nos autos do processo aos quais a reportagem teve acesso. Genival é João Genival de Sá, um dos líderes da organização criminosa, que é especializada na extração, transporte e refino de ouro em cidades do Sertão. 

A Justiça converteu a prisão em duas penas restritivas de direitos, consistentes no pagamento de 10 salários-mínimos à entidade com finalidade social e na prestação de serviços comunitários uma hora por dia durante o prazo da condenação.

Em defesa durante o processo, Marcos Henrique Pessanha negou ter antecipado informações a Genival, bem como negou ter qualquer relação próxima com os investigados na Operação Frígia. O policial disse ter conhecido o líder da quadrilha ocasionalmente em uma festa na cidade de Serrita.