Twitter dissolve conselho que auxiliava na moderação de conteúdo da plataforma
Grupo consultivo foi criado em 2016 para ajudar a combater discurso de ódio na plataforma, além de exploração sexual infantil, assédio e outros temas sensíveis às redes sociais
Após a demissão de vários membros, o Twitter dissolveu seu conselho de confiança e segurança. O grupo era formado especialistas independentes, que davam orientação sobre questões de moderação de conteúdo.
O conselho consultivo foi criado em 2016 para ajudar a combater discurso de ódio na plataforma, além de temas como exploração sexual infantil, assédio, autoagressão e outros temas sensíveis às redes sociais.
Encerramento por e-mail
Na segunda-feira, membros do conselho receberam um e-mail do Twitter com um “Obrigado” na linha do assunto, informando que o grupo seria dissolvido.
“À medida que o Twitter entra em uma nova fase, estamos reavaliando a melhor forma de trazer ‘insights’ externos para o nosso trabalho de desenvolvimento de produtos e políticas”, dizia o e-mail, de acordo com uma cópia vista pela Bloomberg. “Como parte desse processo, decidimos que o ‘Trust and Safety Council’ não é a melhor estrutura para fazer isso.”
O Twitter acrescentou que o trabalho para tornar o aplicativo um “lugar seguro e informativo se moverá mais rápido e de forma mais agressiva do que nunca”, e que as ideias dos que faziam parte do conselho continuarão sendo bem-vindas “daqui para frente sobre como atingir esse objetivo”.
ONG vê descaso da plataforma para com temas sensíveis
Desde que assumiu o Twitter em outubro, Musk reduziu a força de trabalho do Twitter de forma radical, o que incluiu os responsáveis pela confiança e segurança da plataforma. A equipe dedicada a identificar e remover conteúdo sobre exploração sexual infantil foi dizimada pelas mudanças, apurou a Bloomberg no mês passado. Musk também tomou suas próprias decisões de conteúdo, como restabelecer contas de usuários que haviam sido suspensas anteriormente.
Na semana passada, três membros do conselho pediram demissão devido à preocupação sobre a capacidade da empresa de policiar a rede social em relação a conteúdo nocivo. “Está claro pelas evidências de pesquisas que, ao contrário das afirmações de Elon Musk, a segurança e o bem-estar dos usuários do Twitter estão em declínio”, escreveram os ex-membros em comunicado compartilhado na rede social.
Denton Howard, diretor executivo da INHOPE, uma organização sem fins lucrativos focada no combate a material de abuso sexual infantil online e membro do conselho, disse estar preocupado com o que a mudança significará para a segurança da plataforma.
Howard contou que vários dos “indivíduos muito comprometidos” com quem trabalhou ao longo dos anos já foram demitidos ou pediram demissão, e que não viu nenhum sinal de avanço na abordagem para combater a exploração sexual infantil na rede social, apesar das afirmações de Musk de que o tema é prioridade.
O Twitter não respondeu a um pedido de comentário até a última atualização desta reportagem.