Torcida argentina conquista o mundo com espetáculo nas arquibancadas e vive sonho de 'la tercera'
Cantando do início ao fim, súditos de Maradona e Messi empurram a albiceleste para a sexta final de Copa
“Não posso te explicar, porque você não vai entender”. Esta frase serviria, com certeza, para descrever aqui a atmosfera do Estádio Lusail nesta terça-feira (23) na vitória da Argentina por 3x0 sobre a Croácia, na semifinal da Copa do Mundo. No entanto, fazendo um esforço e com o auxílio de um dicionário para achar as palavras mais adequadas, vou deixar esta frase apenas com o sentido original. Sim, esta frase não pertence a este repórter.
Ela faz parte da música mais cantada no mundial. Uma melodia que impregna na mente e uma batucada que contagia. Com um significado muito profundo que enaltece desde os soldados que morreram na Guerra das Malvinas, dá uma leve alfinetada no Brasil e brada a todo pulmão o que Diego Maradona e Lionel Messi são para os argentinos.“Nasci na Argentina / Terra de Diego e Lionel / E dos garotos das Malvinas / Que jamais esquecerei”.
Com bandeiras enroladas no corpo, rosto pintado de azul e branco e algum adereço das mesmas cores na cabeça, os torcedores cantam a uma só voz da entrada no estádio, minutos antes da partida começar, até o apito final, expressando um sentimento que nem sempre é de alegria. “Não posso te explicar / Porque você não vai entender / As finais que perdemos / Quantos anos as chorei”.
Há 36 anos estão carentes de um título mundial. Esta é a sexta final da Argentina em copas. Em 1930, na primeira edição do mundial, perdeu para o Uruguai; em seguida, os dois títulos, em 1978 contra a Holanda e em 1986, liderada por Maradona, diante da Alemanha; mesma Alemanha que levou as outras duas finais nas quais esteve, em 90 e 2014.
Claro que não poderiam perder a oportunidade de zoar o principal rival. Nós, brasileiros. Apegam-se à conquista da Copa América 2021, em pleno Maracanã, naquela vitória por 1x0. Aquela decisão pode não ter tido um significado grande para o Brasil, mas é tratada como um divisor de águas, uma reanimação na torcida, um sopro de esperança. “Mas isso se terminou / Porque no Maracanã / A final com os “brasucas” / Papai voltou a ganhar”.
É com a esperança renascida das cinzas que a Argentina chega muito forte, empurrada por milhares de torcedores, herdando os simpatizantes asiáticos da seleção brasileira já eliminada e com o maior ídolo vivo, Lionel Messi, no auge, próximo do fim da carreira e desejando, tanto quanto os outros 45 milhões de argentinos: “Quero ganhar a terceira / Quero ser campeão mundial”.
Com a bênção do deus deles: “E a Diego, que lá do céu podemos ver / Com Don Diego e com La Tota (pais de Maradona)”.
Para o outro deus, também deles: “Torcendo por Lionel