Copa do Mundo 2022

Quando o improvável acontece, resta o copo meio ou todo cheio

Família metade brasileira e metade holandesa desembarca no Catar um dia após a eliminação das duas seleções

Família Van Boggelen - Victor Pereira/Cortesia

Brasil e Holanda era duas dentre as seleções favoritas para vencer a Copa do Mundo 2022 e caíram no mesmo dia, frustrando, pelo menos, 214 milhões de brasileiros e 17,5 milhões de holandeses. Mas, para uma brasileira e um holandês específicos, as duas eliminações têm um gosto ainda mais amargo.

Yollanda Karolina Nunes, 44, e Jop Van Boggelen, 38, se conheceram na Alemanha em 2006, durante a Copa daquele ano. Se ali começou a sequência de fracassos da seleção brasileira em mundiais, também deu início a uma história de amor. Amor este que superou o triunfo holandês diante do Brasil em 2010 e em 2014, na disputa pelo terceiro lugar, acompanhados in loco pelo casal Van Boggelen. 

Não apenas superou, como frutificou. Desta união, nasceram três garotos: Marco, holandês, 10; Francisco, brasileiro, 7; e Lorenzo, holandês, 4.

Nas quartas de final, com o chaveamento indicando que havia 75% de chances de Brasil e/ou Holanda estarem nas semifinais, Yolanda e Jop decidiram comprar ingressos, providenciar passagens e hospedagem, afinal, seria a oportunidade perfeita de mostrar aos filhos a atmosfera de um mundial e despertar a paixão pelo futebol que já corre na veia.

Seria muito azar não dar certo. O resultado já sabemos e eles, mesmo assim, não cancelaram os planos. “Foi uma oportunidade de vir ao Catar, eles conhecerem e sentirem o que é uma Copa”, explica Yollanda sem demonstrar nenhum pingo de arrependimento. E nem tinha motivos para isso.



Assistiram à vitória tranquila da Argentina sobre a Croácia por 3x0 no Estádio Lusail e o holandês lamentou a ausência, principalmente da seu país natal, e confessou: “dá uma tristeza profunda no meu coração, viu? Afinal, não temos nenhuma estrela. Este ano, era para ser nossa primeira estrela. Porque vocês ainda têm cinco, né? Mas, vamos tentar daqui a quatro anos de novo”, completou.

“Somos a família de Copas”, esbravejou Yollanda, garantindo que, em três anos e meio, levarão a criançada para mais uma edição do mundial. Quando perguntados se a família cresceria um pouco mais daqui para lá, mais uma divergência. Yollanda gargalhou e disse que não. Mas Jop, sem perder tempo, já lançou a ideia: “sim, sim, é um para cada Copa”. 

No fim, de fato, não saiu exatamente como planejado. No entanto, viver a experiência de uma Copa do Mundo em família e ver no olhar dos filhos o mesmo brilho no olhar que fez o casal Van Boggelen encontrar um ao outro, certamente, nem Brasil nem Holanda, ainda que se esforçassem muito, poderiam tirar. Ainda bem.