Rússia volta a bombardear a infraestrutura de energia da Ucrânia
Diplomacia ucraniana pede que aliados ocidentais enviem mais armas
A Rússia bombardeou nesta sexta-feira (16) as infraestruturas de energia da Ucrânia e provocou novos cortes de energia elétrica no país, assim como a interrupção do abastecimento de água na capital Kiev em pleno inverno (hemisfério norte).
"Outra série de bombardeios em massa contra as infraestruturas de energia. Teremos cortes de energia elétrica de emergência", afirmou o ministro da Energia, German Galushenko, no Facebook.
Após os ataques, o chefe da diplomacia da Ucrânia, Dmytro Kuleba, pediu aos aliados ocidentais que entreguem mais armas ao país.
"Isto acabaria de modo efetivo com o terror russo contra a Ucrânia e restauraria a paz e a segurança na Europa e além", disse.
Os sistemas antiaéreos foram acionados em todo território ucraniano e as autoridades pediram aos moradores que permaneçam em suas casas.
Na capital, Kiev, Moscou disparou "quase 40 mísseis", segundo o comando militar ucraniano.
Os bombardeios provocaram cortes no abastecimento de água e a prefeitura anunciou a paralisação do metrô durante o dia devido aos "danos no sistema de energia".
No sul do país, em Kryvyi Rig, cidade natal do presidente ucraniano Volodimir Zelensky, ao menos duas pessoas morreram depois que um míssil atingiu um prédio residencial.
Os bombardeios também deixaram cinco feridos, incluindo duas crianças.
Uma pessoa morreu na cidade de Kherson, no sul do país e retomada recentemente pelas tropas de Kiev. Três ficaram feridas.
Nos últimos meses, a Rússia sofreu uma série de reveses militares no sul e nordeste da Ucrânia. Desde então, Moscou optou por bombardear as instalações de energia do país, o que deixa milhões de ucranianos sem luz e calefação em um período de temperaturas gélidas.
"Um dos maiores ataques" contra Kiev
Em Kiev, as temperaturas oscilavam nesta sexta-feira entre um e três graus abaixo de zero. A capital resistiu a "um dos maiores ataques com mísseis" desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro, afirmou o comando militar da região.
"Os danos na infraestrutura de energia da cidade provocaram interrupções no abastecimento de água em todos os distritos da capital", declarou o prefeito Vitali Klitchko.
Os moradores da capital buscaram refúgio nas estações de metrô depois que o serviço foi interrompido.
A cidade foi alvo de 13 drones explosivos na quarta-feira, mas o exército ucraniano afirmou que derrubou todos os aparelhos.
O comandante das Forças Armadas, Valery Zaluzhny, declarou na quinta-feira que prevê uma nova ofensiva russa contra Kiev nos primeiros meses de 2023.
Os combates se concentram atualmente no leste e sul da Ucrânia, onde os bombardeios também deixaram várias cidades sem luz.
Kharkiv foi uma das cidades atingidas, segundo o prefeito Igor Terekhov. Os ataques também afetaram a região de Zaporizhzhia, onde fica a maior central nuclear da Europa, afirmou o governador Oleksandr Staruch.
No centro do país, em Poltava, o prefeito Oleksandre Mamai pediu à população para desligar "todos os aparelhos elétricos" porque o ataque seguia em curso. Kremenchuk, 100 km ao oeste, também ficou no escuro.
Os bombardeios russos também afetaram o tráfego ferroviário em Kharkiv, Kivograd, Donetsk e Dnipropetrovsk.
Na região de Luhansk, controlada por Moscou no leste da Ucrânia, as autoridades designadas pela Rússia anunciaram que oito pessoas morreram e 23 ficaram feridas em bombardeios ucranianos.
Putin visitará Belarus
Os bombardeios russos aconteceram depois que os aliados ocidentais da Ucrânia anunciaram uma ajuda de um bilhão de euros para a reconstrução das infraestruturas do país.
Nesta sexta-feira, o governo de Belarus anunciou que o presidente russo, Vladimir Putin, visitará o país na segunda-feira para uma reunião com o colega e aliado Alexander Lukashenko.
Algumas tropas de Moscou partiram do território bielorrusso no início da ofensiva.
Minsk informou que os dois presidentes terão um encontro privado e negociações mais amplas com seus ministros sobre a "integração Belarus-Rússia".
Os países se comprometeram com um amplo leque de programas para aprofundar seus laços econômicos e de segurança.
"Os presidentes devem priorizar as questões de segurança", afirmou o governo de Belarus.