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Petroleiras arrematam quatro dos 11 blocos em leilão do pré-sal

Bônus arrecadado foi de R$ 916,252 milhões; Petrobras está em três das áreas arrematadas

Produção de petroleo - Tânia Rêgo/Agência Brasil

Apenas quatro dos 11 blocos oferecidos no leilão de petróleo do pré-sal realizado nesta sexta-feira (16) foram arrematados. O bônus arrecadado foi de R$ 916,252 milhões e ficou aquém do esperado. Foi o primeiro leilão do pré-sal no regime de partilha através do modelo de oferta permanente, realizado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).

Neste modelo, blocos que não foram arrematados em leilões anteriores voltam a ser licitados. No leilão de hoje, porém, seis dos blocos foram oferecidos pela primeira vez. A arrecadação poderia ter chegado a R$ 1,2 bilhão se os 11 blocos tivessem sido arrematados. Com o resultado, são esperados investimentos mínimos exploratórios de R$ 432 milhões nas áreas do pré-sal. A Petrobras estará em três das quatro áreas conquistadas. Além disso, saíram vencedoras Petronas, Qatar, Total e Shell que formaram consórcios com a estatal. A BP foi a única a levar sozinha uma das áreas.

Estavam inscritas para participar do leilão nove companhias.

Quem levou cada bloco
O primeiro bloco ofertado foi o de Água Marinha, na Bacia de Campos, que recebeu duas propostas. Venceu o consórcio formado por Total, Petronas e Qatar, que ofereceu um óleo lucro de 42,40%, representando um ágio de 220,48% sobre o percentual mínimo estabelecido em edital.

Como a Petrobras havia manifestado interesse previamente na área, decidiu aderir ao consórcio vencedor. A estatal havia apresentado proposta com a Shell, mas perdeu porque ofereceu óleo lucro menor, de 39,59%.

A área de Norte de Brava, em Campos, foi arrematada pela Petrobras, com índice de óleo lucro de 61,71%, acima do patamar mínimo de 22,71%. Ou seja, um ágio de 171,73%. A área também recebeu oferta do consórcio formado por Petronas e Equinor. A área de Bumerangue, na Bacia de Santos, foi conquistada pela BP Energy que apresentou proposta sozinha. Ofereceu um óleo lucro de 5,90%, representando um ágio de 4,24% em relação ao patamar mínimo de 5,66% de óleo lucro.A área de Sudoeste de Sagitário foi arrematada pelo consórcio formado por Petrobras e Shell. O ágio foi de 17,37%. Não receberam ofertas as áreas de Itaimbezinho, Turmalina, Ágata, Cruzeiro do Sul, Esmeralda, Jade e Tupinambá.

Apesar das poucas áreas arrematadas, Júlio César Moreira, diretor-executivo de Exploração e Produção do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), disse que o resultado foi positivo, sobretudo em um período de mudança de governo:

"O resultado foi positivo, pois várias empresas participaram do leilão em um cenário de transição de governo e com a perspectiva de mudança na Lei das Estatais, que impacta vários setores. Esse tipo de mudança assusta, mas houve comprometimento de diversas empresas em investir."

ANP defende investimento na Margem Equatorial

Segundo ele, regularidade de leilões e estabilidade de regras são importante para manter os investimentos no setor.

Na abertura do leilão, o atual ministro de Minas e Energia (MME), Adolfo Sachsida, disse, em vídeo gravado, que espera a manutenção das políticas na área para o futuro governo:— Esperamos que as políticas sejam mantidas para o Brasil continuar sendo o porto seguro para o investimento — disse Sachsida, destacando bônus totais arrecadados de R$700 bilhões nos leilões do atual governo, além de cerca de R$ 1 trilhão em participações governamentais.

Rodolfo Saboia, diretor-geral da ANP, lembrou que o Brasil precisa avançar na definição da exploração na Margem Equatorial, no aumento do fator de recuperação dos campos e redução de emissões, entre outros temas.

Protesto de ONGs
Do lado de fora do hotel Guanabara, onde foi realizado o leilão, houve protesto contra a licitação.

O Instituto Internacional Arayara de Educação e Cultura, com sede em Curitiba, no Paraná, entrou com ação civil pública conta o certame. Nela, o instituto alega que as áreas nas bacias de Santos e Campos "estão em conflito com zoneamentos de conservação e ambientes sensíveis e de espécies ameaçadas de extinção".

Diz ainda que "não há qualquer estimativa ou projeção da quantidade de gases de efeito estufa que a exploração dos blocos ofertados irão gerar". Destaca que as áreas têm corais e "se sobrepõem a Unidades de Conservação" podendo afetar a reprodução de tartarugas, tubarões e raias.

Em nota, o Instituto Arayara, com apoio do Observatório do Petróleo e Gás, da Coalizão Não Fracking Brasil, Coalizão Energia Limpa e do Observatório do Clima, critica a realização do certame.

Os blocos Norte da Brava, na Bacia de Campos, e Sudoeste de Sagitário e Esmeralda, na Bacia de Santos, causam maior preocupação às ONGs pela proximidade com o zoneamento de áreas mais sensíveis e com a costa de São Paulo e do Rio de Janeiro, o que ofereceria maior ameaça às atividades econômicas e à qualidade ambiental dos ecossistemas.