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O hexa não veio, mas investimentos frustrados de torcedores na Copa sim; entenda

Com pagamento de roupas parceladas, camisas que não chegaram, material encalhado e temas de festas de aniversários "furados", brasileiros lidam com a eliminação

Venda de camisas e itens do Brasil para a Copa - Júnior Soares/Folha de Pernambuco

Não foi só a seleção brasileira que saiu perdendo nos pênaltis das quartas de final contra a Croácia. Torcedores apostaram que o Brasil sairia vencedor da Copa do Mundo no Catar, mas o resultado não foi o tão sonhado durante os últimos quatro anos desde a competição na Rússia. Roupas com pagamentos parcelados em seis vezes, camisas que não chegaram, investimentos financeiros em produtos para revenda e até festas de aniversário no tema da Copa são algumas das frustrações de brasileiros que esperavam o hexa e contavam com a queda precoce da seleção brasileira.

O gol de empate na prorrogação, faltando apenas 4 minutos para o final do jogo, e as escolhas do técnico Tite para a decisão da ordem de cobranças das penalidades máximas, ainda não foi digeridas por muitos brasileiros que confiavam que esta era a edição perfeita para o país ver a seleção campeã. O país do futebol não vence a Copa do Mundo desde 2002, na competição disputada na Coreia do Sul e no Japão. A fé de alguns torcedores na equipe brasileira era tão grande que muitos confiaram suas reservas financeiras e acharam que valia o gasto, o hexacampeonato no Mundial estava garantido na cabeça de muitos. Só que a eliminação para a Croácia, além de memes nas redes sociais, deixou muitos brasileiros com investimentos frustrados.

O assessor de investimentos Gabriel Guimarães já viu a seleção dar tchau para o Mundial, mas ainda não viu a camisa do Brasil personalizada com seu nome, que encomendou no primeiro jogo da fase de grupos. Foi só ver o gol de voleio do Richarlison, contra a Sérvia no primeiro jogo, que ele confiou "o hexa vem":

"Eu comprei a blusa da seleção para a Copa. Estava acompanhando os preços, que estavam aumentando, e o pessoal do meu trabalho começou a comprar mesmo assim em lojas físicas pelo centro do Rio. Eu não, resolvi comprar na shopee por causa do valor e dos modelos serem legais, mas não chegou e está no porto Chinês ainda", contou Gabriel que, aos 26 anos, lamentou não conseguiu ver o Brasil campeão da Copa na "casa dos 20" já que na próxima Copa terá 30 anos.

Para o hexa não veio, será que a camisa de Gabriel vem como presente de Natal? A previsão de entrega, segundo o assessor de investimentos, está entre 25 de dezembro e 5 de janeiro de 2023. Mesmo com a demora, ele não pretende devolver a camisa que vai ficar para a próxima Copa de 2026 sediada em três países: EUA, México e Canadá.

"Eu vou ficar com a blusa porque a fornecedora fez uma camisa muito bonita e fazia muito tempo que eu não comprava uma da seleção. E, ainda por cima, é personalizada com meu nome e está em outro país, não teria como pedir estorno ou devolução, mas só vou usar nos próximos jogos da seleção", disse Gabriel que, durante os jogos, usou uma blusa antiga emprestada por um amigo.

A enfermeira Claudia Regina fez a vontade do filho Guilherme que é amante do futebol, deu a camisa oficial da seleção e fez o aniversário no tema da Copa.

"Quatrocentos reais parcelados em seis vezes no cartão de crédito do pai dele. Só não me arrependo porque ele gosta muito de futebol e, mesmo com o Brasil fora, ele ainda vai usar muito a camisa", afirmou a mãe, que conseguiu fazer a festa de 12 anos do filho antes da seleção brasileira ser desclassificada da competição.

Nathany Frid não teve a mesma sorte na festa de aniversário da filha Nathaly. A podóloga embarcou na empolgação da pequena de 4 anos, que ao acompanhar os jogos pediu o aniversário no tema do Brasil. Mas, depois de toda decoração comprada ao decorrer da Copa, a comemoração do quarto ano da menina foi com o Brasil fora do Mundial e no dia do sonhado embate contra a Argentina (uma das finalistas) na semifinal se tivesse avançado:

"Eu não esperava que fosse ser eliminado. O aniversário dela ainda foi marcado para a manhã do dia do jogo que seria a semifinal à tarde. Ela que escolheu o tema do Brasil, ficou super chateada quando perdeu. Até me perguntou como seria agora que não estava mais jogando. Fiquei até surpresa por ela com pouca idade conseguir entender isso, mas expliquei que mesmo o Brasil fora era um ano de Copa e era o nosso país, então não teria problemas, e ela aceitou", contou Nathany que desistiu a tempo de comprar mais acessórios e decorações do Brasil para a família.

Fabinho se juntou com um amigo para investir comprando camisas do Brasil para revender, algumas ainda nem chegaram e o restante ficou encalhado. O gasto e prejuízo financeiro do microempresário foi tão grande que ele foi bem sincero ao responder sobre a sua frustração:

"Não quero saber do Brasil não, eu estou "p" da vida e perdi foi dinheiro. Quero é que o Brasil se dane, se lasque!", esbravejou o rapaz.

Mas mesmo com todas frustrações e tristeza da eliminação, nem todos os brasileiros pensam em deixar de acompanhar a seleção na próxima edição da Copa do Mundo. Sobre o Mundial de 2026, se a Fifa mudar o formato para 12 grupos de quatro times, o número do jogos na Copa do Mundo vai aumentar para 104 – quarenta partidas a mais do que as atuais 64 para os amantes do futebol acompanharem. Já o formato com 16 grupos de três previa a realização de 80 jogos, que já haviam até sido divididos entre os três países-sede da Copa de 2026: 60 jogos nos EUA, 10 no México e 10 no Canadá. Se o aumento do número de partidas for confirmado, essa divisão naturalmente será revista.