TCU

Congelamento de salário de servidores é 'bomba-relógio', diz presidente do TCU

Dantas afirmou que a espécie de "reforma administrativa" feita por Guedes foi realizada sem "inteligência"

Bruno Dantas toma posse como presidente do Tribunal de Contas da União - Antonio Cruz / Agência Brasil

O presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, afirmou nesta sexta-feira (16) que a falta de reajuste do salário de servidores públicos é uma "bomba-relógio" que estaria prestes a explodir. De acordo com Dantas, o ministro da Economia, Paulo Guedes, fez uma "reforma administrativa muda e cega", ao não repor funcionários que se aposentaram.

— A segunda face da reforma administrativa que foi feita foi o congelamento total de remuneração dos servidores públicos, que é algo que é uma bomba-relógio. Quando você tem uma inflação é que se aproximou da casa dos dois dígitos, agora recuou, (mas) sabemos que recuou artificialmente por causa dos preços dos combustíveis, e o salário dos servidores públicos congelado, nós sabemos que isso é uma fórmula insustentável, que em algum momento essa bomba vai explodir. Não sabemos em que mês, mas sabemos que está perto — disse Dantas, em café da manhã com jornalistas.

De acordo com o presidente do TCU, esse é um problema que terá que ser tratado pelo governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Dantas já vinha exercendo o comando do tribunal de forma interina desde julho, mas tomou posse efetivamente na quarta-feira.

O mandato é de um ano, com possibilidade de reeleição.

Dantas afirmou que a espécie de "reforma administrativa" feita por Guedes foi realizada sem "inteligência", porque acabou prejudicando o funcionamento da máquina pública. De acordo com ele, o problema afeta diversos órgãos, entre eles o TCU.

— O ministro Paulo Guedes fez uma reforma administrativa muda e cega. Muda porque ele não comunicou que estava fazendo uma reforma administrativa. Ele parou de contratar servidores públicos. Só que, como há um volume muito grande de aposentadorias, isso significou uma redução do tamanho do Estado. Isso é uma forma de reformar a administração. Só que é uma reforma cega, porque, na verdade, como o corte linear e não depende de uma estratégia de administração, é onde as pessoas estão completando idade para se aposentar, acaba não tendo inteligência por trás dessa redução da máquina.

Na quarta-feira, Guedes esteve na cerimônia de posse de Dantas e cumprimentou o novo presidente. O presidente Jair Bolsonaro, por outro lado, não compareceu.

Durante a campanha eleitoral, Bolsonaro afirmou que a "contenção de concursos" foi a "maior reforma administrativa" que seu governo fez. O Executivo chegou a enviar uma proposta de reforma ao Congresso, mas o texto não avançou.