Trabalho

Apple cria pseudo-sindicato para impedir organização dos funcionários

Lei trabalhista federal restringe, porém, criação de grupo trabalhista controlado pela própria empresa

Apple - Johannes Eisele/AFP

A Apple tentou impedir os esforços de organização sindical dos funcionários em Ohio ao criar um grupo trabalhista controlado pela própria empresa para que os trabalhadores se unissem, alegou a Communications Workers of America, sindicato trabalhista de comunicação e mídia nos Estados Unidos.

Em documento emitido nesta sexta-feira ao Conselho Nacional de Relações Trabalhistas dos EUA, a CWA acusou a empresa de tecnologia de “solicitar funcionários para ingressar em uma organização trabalhista criada/dominada pelo empregador como meio de sufocar as atividades sindicais”.

A lei trabalhista federal restringe as empresas de criar organizações pseudo-sindicais controladas pela administração - uma tática comumente usada por empresas no início do século XX para minar o apoio à organização sindical independente.

A queixa da CWA, que envolve da Apple em Columbus, Ohio, também acusa a empresa de realizar "reuniões antissindicais obrigatórias", nas quais a administração alegou falsamente que a empresa seria impedida legalmente de negociar certos tópicos se os trabalhadores fossem sindicalizados. A Bloomberg procurou a Apple, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.

“Criar um grupo de trabalho controlado pela administração é antidemocrático e uma clara tentativa de acabar com os sindicatos”, disse a secretária-tesoureira da CWA, Sara Steffens, em comunicado por e-mail. “Se a administração realmente se preocupasse com o fato de os trabalhadores terem voz no trabalho, eles os direcionariam para o Apple Retail Union/CWA, que é administrado por trabalhadores, não por chefes.”

Onda de trabalhadores organizados

A Apple, a empresa mais valiosa do mundo, enfrentou uma onda sem precedentes de organização em suas lojas este ano. Funcionários de dezenas das cerca de 270 lojas da Apple nos Estados Unidos vêm discutindo a sindicalização, segundo funcionários. Em junho, trabalhadores da Apple Store em Maryland se tornam os primeiros nos EUA a se sindicalizar. Seus colegas em Oklahoma City optaram em outubro por ingressar na CWA.

Ainda assim, os organizadores também sofreram reveses. Em St. Louis, a Associação Internacional de Maquinistas e Trabalhadores Aeroespaciais (IAM) retirou uma petição de sindicalização uma semana após apresentá-la. E em Atlanta, o CWA cancelou sua tentativa de votação uma semana antes de uma eleição planejada.

O escritório do conselho geral do Conselho Nacional de Relações Trabalhistas (NLRB) determinou este mês que a Apple violou a lei trabalhista dos EUA em Atlanta e, em setembro, apresentou uma queixa contra a empresa em Nova York, acusando a Apple de interrogar funcionários em uma loja do World Trade Center e discriminar os apoiadores sindicais. Após essa reclamação, a fabricante do iPhone disse que discordava das alegações.

Em Columbus, a Apple distribuiu panfletos para os funcionários promovendo o que chamou de “grupo de trabalho que pode ser um meio formal para funcionários e líderes fornecerem feedback sobre iniciativas, políticas e práticas locais e de varejo em toda a organização”. Essa organização teria dez membros, incluindo pessoas em funções como co-presidente ou secretário, disse o sindicato.