Exonerado, diretor da PRF quis deixar o cargo para se aposentar e evitar represálias
Vasques é réu por improbidade administrativa por pedir votos para Bolsonaro durante a disputa eleitoral
Após ser exonerado nesta terça-feira (20), o diretor-geral da Polícia Federal Rodoviária (PRF) Silvinei Vasques, de 47 anos, pretende entrar com um pedido de aposentadoria nos próximos dias. Funcionário da PRF desde 1995, ele decidiu encerrar a carreira antes do fim do governo Jair Bolsonaro, temendo represálias na gestão do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, segundo pessoas próximas.
Vasques é réu por improbidade administrativa por pedir votos para Bolsonaro durante a disputa eleitoral. O agora ex-diretor coordenou a corporação durante os bloqueios ocorridos nas estradas durante o dia 30 de outubro, no segundo turno das eleições.
O ex-diretor-geral soma 27 anos de serviços prestados como policial. Como ingressou na instituição antes da Reforma da Previdência em 2019, ele pode pedir a aposentadoria com base na regra antiga, que estipula para homens 30 anos de contribuição e 20 anos de atividade policial, independentemente da idade.
Atualmente, a regra exige idade mínima de 55 anos, 30 anos de contribuição e 25 anos de atividade policial.
A exoneração de Vasques foi publicada nesta terça-feira (20) para acelerar o pedido de aposentadoria, segundo integrantes do governo Bolsonaro. Aliados do ex-diretor-geral dizem que Vasques quer passar um período longe dos holofotes com medo das ações que enfrenta na Justiça.
Em novembro, a Justiça Federal do Rio de Janeiro atendeu o pedido do Ministério Público Federal (MPF) e tornou réu Vasques. Em decisão do juiz José Arthur Diniz Borges, foi concedido o prazo de 30 dias para que o servidor se manifestasse. De acordo com a denúncia do MPF, a conduta do diretor da PRF contribuiu para “o confronto instaurado durante o deslocamento de eleitores no dia do segundo turno das eleições e após divulgação do resultado”.
Além da ação de improbidade, Silvinei Vasques é investigado pela Polícia Federal por suspeita de atuar sobre os bloqueios de rodovias ocorridos durante o segundo turno e também após a vitória de Lula, que seguiu por rodovias federais.
A corporação apura se há responsabilidade do diretor na realização das blitz e se houve descumprimento da decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, que havia proibido a realização de operações policiais relacionadas ao transporte de eleitores no dia do pleito. Outro fato investigado é se Vasques praticou omissão nos bloqueios que começaram a ocorrer após o resultado das eleições.
De acordo com o pedido de abertura da investigação feito pelo MPF à época, os fatos poderiam configurar crimes de prevaricação ou participação, por omissão, nos crimes contra o estado democrático.