TRAGÉDIA EM PERNAMBUCO

Líder de associação fala em "tragédia anunciada" e pede mais acompanhamento psicológico de policiais

Luiz Carlos Torres cita questões como escalas de serviço apertadas

Colegas de trabalho em enterro do tenente Souza - Arthur Mota/Folha de Pernambuco

Presidente da Associação de Cabos e Soldados de Pernambuco (ACS-PE), Luiz Carlos Torres classificou a tragédia ocorrida no 19º Batalhão da Polícia Militar (BPM), na terça-feira (20), como "anunciada". 

O policial Guilherme Barros matou a esposa, Cláudia Gleice da Silva, grávida de três meses, no Cabo de Santo Agostinho, antes de ir até o batalhão, que fica no Pina, no Recife, onde abriu fogo contra colegas de farda e deixou dois policiais mortos e outros dois feridos.

"Quando você pega as escalas de serviço apertadas, você pode dizer que o policial vai adoecer. E, se não fizer um tratamento adequado, a gente pode se encaminhar para uma tragédia anunciada", disse, ao citar déficit no quadro de policiais no Estado. Luiz Carlos afirmou ainda que a associação defende uma maior abertura da corporação ao acesso dos profissionais a psicólogos.

"Precisamos procurar psicólogos devido ao nosso estresse de trabalho, há muitas cobranças. O Estado tem uma violência muito grande, o efetivo é pouco e o policial que vai para a rua precisa dar resultado para a sociedade de que a polícia está presente", completou o presidente da ACS-PE.

"A gente tem uma preocupação e já vinha discutindo sobre saúde mental. E o que a gente vê é com muita preocupação esse trabalho de higienização mental dos nossos policiais, dos nossos profissionais de segurança", alertou o presidente da ACS-PE.

Segundo Luiz Carlos, é preciso trazer profissionais capacitados para trabalhar a mente dos policiais e humanizar mais os policiais. A associação oferece acompanhamento psicológico, segundo Luiz Carlos. A procura é alta, acrescenta ele, e, muitas vezes, não há vagas para todos os interessados.

Além de Luiz Carlos, o Comandante Geral da Polícia Militar de Pernambuco, José Roberto de Santana, também comentou sobre o investimento na saúde mental dos policiais militares. 

“Nós somos uma instituição que tem uma diretoria de assistência social, temos um hospital próprio, o Hospital da Polícia Militar e dentro dessa estrutura nós temos um cuidado muito grande com a saúde mental do policial militar. Nós temos estrutura aqui na capital, na Região Metropolitana, e no interior do Estado. Nós temos 7 núcleos no interior do Estado também para atender o policial militar que é acometido por esses surtos ou por qualquer problema psicológico ou psiquiátrico", afirmou.