Luto

Pedro Paulo Rangel deixa saudade e legado na dramaturgia

O artista participou de 12 filmes e 53 produções para a televisão, entre novelas, minisséries e programas de humor

O ator Pedro Paulo Rangel - Divulgação / Lúcio Luna

A cultura brasileira perdeu um grande ícone, na madrugada desta quarta-feira (21), com o falecimento do ator Pedro Paulo Rangel, aos 74 anos. Ele estava internado, desde novembro passado, para tratar de uma descompensação do quadro de enfisema e lutava há 20 anos contra uma doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).

O falecimento aconteceu às 5h40 de quarta-feira (21), na Casa de Saúde São José, no Humaitá, zona sul do Rio de Janeiro. O velório do Pedro Paulo Rangel será realizado nesta quinta-feira (22), no Theatro Municipal, a partir das 10h. A cerimônia de cremação será fechada para amigos e familiares, no Cemitério da Penitência, no Caju.

Entre os diversos e marcantes trabalhos na televisão que se eternizaram no imaginário dos brasileiros, atuou em novelas como "Vale Tudo" (1988), e nos programas humorísticos "TV Pirata" (1988). Pedro Paulo também se dedicou ao teatro - onde conquistou diversos prêmios, entre eles duas edições do Shell - e ao cinema. O artista participou de 12 filmes e 53 produções para a televisão, entre novelas, minisséries e programas de humor.

Comoção nacional
Artistas, amigos de palco e televisão, e outras personalidades lamentaram a partida de Pedro Paulo. “Cumpriu sua missão aqui na terra o querido e talentoso ator Pedro Paulo Rangel. Uma grande perda! Sentiremos muitas saudades! Meus sentimentos aos amigos e familiares. Vá em paz, seu Calixto!”, tuitou o dramaturgo Walcyr Carrasco.

“Soube agora da morte do ator Pedro Paulo Rangel. Uma triste perda para a dramaturgia brasileira. Pedro Paulo fez história nas novelas, no humor e nos teatros do País com seu talento e dedicação. Meu abraço fraterno aos familiares, fãs e amigos”, postou o presidente eleito Lula.  

“O Brasil perde Pedro Paulo Rangel, um grande ator, muito querido pelo povo brasileiro. Suas personagens marcaram a dramaturgia brasileira e ele parte deixando um grande legado. Que Deus conforte familiares, amigos e fãs. Valeu, Pedro Paulo Rangel”, escreveu Margareth Menezes, escolhida para ser a nova ministra da Cultura.

Início no teatro
Filho de funcionários públicos e nascido no Rio de Janeiro em 29 de junho de 1948, Pedro Paulo Marques Rangel era morador do Rio Comprido, na Zona Norte da cidade. Despertou para o teatro aos 11 anos, inspirado em um vizinho ator amador. Ainda criança, integrou o elenco da peça infantil "O Bruxo e a Rainha", onde conheceu o também ator Marco Nanini. Anos mais tarde, os dois cursaram juntos o Conservatório Nacional de Teatro, hoje a escola de teatro da UNIRIO.

Sua primeira experiência profissional atuando foi na peça "Roda Viva", de Chico Buarque, com direção de Zé Celso, com quem também trabalhou no espetáculo "Galileo Galilei". Participou, nessa época, da montagem de "Romeu e Julieta" dirigida por Jô Soares.

Carreira na televisão
Em 1969, iniciou sua carreira na televisão pela TV Tupi, na novela "Super Plá". No ano seguinte, atuou pela mesma emissora na novela "Toninho On The Rocks". Na TV Globo, estreou em 1972, na novela "Bicho do Mato". Três anos depois, marcou época ao protagonizar o primeiro nu masculino da televisão brasileira no papel de Juca Viana, na novela "Gabriela". No mesmo ano, teve a chance de encenar o primeiro papel principal na novela "O Noviço".

Pela TV Globo, Pedro Paulo atuou em "A Patota", com o amigo Marco Nanini, "Saramandaia" e "O Pulo do Gato". Em 1979, retornou brevemente à TV Tupi, em "Dinheiro Vivo", novela escrita por Mário Prata. Em 1981 retornou à TV Globo, nos programas humorísticos "Viva o Gordo" e "TV Pirata". Seu retorno às novelas aconteceria anos depois, em 1988, com "Vale Tudo". Depois, interpretou personagens marcantes como o homossexual Adamastor em "Pedra Sobre Pedra" (1992), o Calixto de "O Cravo e a Rosa" (2000) e Argemiro Falcão, irmão da vilã Bia Falcão, em Belíssima (2005).

Também atuou em "Torre de Babel" (1998), "Desejo Proibido" (2007), "Amor Eterno Amor" (2012) e nas minisséries "A Muralha" (2000), "O Quinto dos Infernos" (2000) e "O Dentista Mascarado" (2013), sua última atuação na TV Globo. Seu último papel foi o de bibliotecário da Imperatriz Leopoldina na série "Independências" (2022), da TV Cultura.