Opinião

A rede estadual de educação sob nova perspectiva

Os avanços da educação da rede estadual de Pernambuco, nos últimos anos, são incontestes. A gênese desse movimento partiu de um planejamento de longo prazo no qual a linha mestra era a expansão das escolas em tempo integral no ensino médio, com a ampliação do tempo pedagógico e um currículo com foco no protagonismo do estudante e seu projeto de vida.

Sob esse prisma, em 2014, um primeiro marco foi atingindo quando todos os municípios pernambucanos passaram a ter escolas estaduais em tempo integral. O nó górdio da equidade espacial da oferta do ensino de referência, do cais ao sertão, foi desatado. Concomitantemente, o padrão de qualidade educacional da rede estadual foi sendo posto a prova em diversos estudos nacionais e internacionais e atestado pela principal ferramenta para aferir qualidade do ensino nas escolas públicas brasileiras: o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). Na edição de 2007, o Estado amargava a 21ª posição no ranking do ensino médio. Nos anos vindouros, uma curva ascendente contínua foi posta em marcha, colocando a educação pública de Pernambuco entre as três melhores do Brasil em 2021, última versão do IDEB.

Em que pese o tom rubro e devastador dos impactos da pandemia na educação, as ferramentas pedagógicas e tecnológicas adotadas no período, além de uma matriz de colaboração intrínseca envolvendo os professores e professoras, os demais profissionais da educação, gestores, pais e responsáveis e nossos estudantes permitiu à rede estadual passar por esta turbulência com a segurança necessária. Passada a tormenta, foi o momento de ajustar as velas para continuar cingindo as boas práticas educacionais buscando superar os desafios da recomposição da aprendizagem e problemas socioemocionais resultantes do tempo de isolamento e distanciamento social.

Em 2022, um segundo marco foi alcançado na educação pública estadual, com a universalização na oferta do ensino médio em tempo integral. Pernambuco foi o primeiro Estado brasileiro a atingir esta conquista. Desta forma, todos os estudantes que desejarem estudar em uma escola do ensino médio da rede estadual em tempo integral terão suas vagas garantidas. À luz deste fato, novas perspectivas alvissareiras se abrem numa visão de futuro para a educação pública do nosso Estado.

No próximo ano, o terceiro marco da rede pública estadual de educação começa a se consolidar, quando 35% das escolas estaduais do ensino fundamental serão em tempo integral. Não obstante os desafios que a educação ainda terá que conviver, vis-à-vis a herança do período pandêmico, é crível imaginar que nos próximos anos a universalização da oferta do ensino fundamental em tempo integral da rede estadual seja realizada. 

Ademais, programas como o Criança Alfabetizada e o Educação Integrada reforçaram o sistema colaborativo entre o Estado e as redes municipais de educação, na perspectiva de fortalecer a alfabetização no tempo certo e a ampliação do modelo de ensino integral no âmbito das escolas municipais. Ampliar o intercâmbio das boas práticas educacionais entre o governo estadual e os municipais é condição sine qua non para continuar avançando nos indicadores educacionais de Pernambuco.

Em suma, o cenário dos próximos anos para as escolas estaduais é auspicioso. Os governadores Paulo Câmara e Eduardo Campos escreveram seus nomes no panteão da história da educação pública brasileira na medida em que as transformações no tecido educacional se tornaram legados. A governadora eleita Raquel Lyra tem todas as circunstâncias para assumir o leme dessa educação pública de excelência que é o passaporte para que os estudantes pernambucanos ganhem o mundo e sigam conquistando os seus projetos de vida.


*Economista e Secretário de Educação e Esportes de Pernambuco


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